Estamos correndo atrás do vento
Maria
Uma sonhadora! Essa palavra define a
aluna nova da escola. Os pais a matricularam nessa nova escola, pois queriam
que a filha estudasse mais e acreditavam que ali, na escola Estudar, o ensino
era mais “forte”. Maria aceitou a ideia, pois um dos seus sonhos era realizar
uma grande viagem pela Europa e seu pai deixou claro que ela só viajaria se
passasse no vestibular. Ela chegou a contestar o pai, mas num tom baixo, sem
coragem de olhá-lo nos olhos, até chegou a pensar “para que passar no
vestibular se eu vou viajar?” Mas, é claro não disse isso ao seu pai, ela não
teria coragem. Então ela concordou em estudar para passar no vestibular.
O pai só aceitou o acordo, pois
pensava que se Maria passasse no vestibular iria desistir da viagem. Só que ela
estava decidida em viajar e dessa vez a teoria do Seu Jorge estava errada.
Além de sonhadora, Maria também era
determinada e não desistia dos seus sonhos e metas facilmente. Não era tão
organizada com suas coisas, algo que deixava sua mãe muito brava e a sua
desorganização era o único motivo de briga entre elas.
Sua mãe chegou até a falar para ela
no meio de uma discussão: “como você vai conseguir sobreviver em outro país
sozinha no meio de tanta desorganização, com certeza você terá problemas”.
Maria sabia que a mãe tinha razão e ela precisava melhorar, mas odiava quando a
mãe falava com ela assim.
Sua rotina era acordar de manhã para
ir à escola, almoçar, estudar 3 horas por dia, passar uma ou duas horas sonhando
com a viagem, vendo sites, hotéis, lugares para visitar, pessoas que moram lá
para conversar e planejar todo o roteiro, ela já tinha feito isso umas 100
vezes sem exagero, mas continuava pensando em novas alternativas e lugares. A
noite sempre revisava a matéria do dia e tentava ir mais longe para estar a
frente dos outros e se sobressair. Uma verdadeira “Nerd”.
O primeiro dia de aula na escola
“Estudar” fez mudar um pouco o ritmo das coisas, estava atrasada com a matéria
de biologia, conhecer o Daniel fez com que ela parasse de pensar tanto na
viagem e começou a pensar nele. Ela não queria ficar pensando no Daniel, não
queria perder o foco das coisas que estava determinada em fazer, mas, às vezes,
de vez em quando, assim como quem não quer nada estava ela olhando para o nada
e pensando no sorriso, nos olhos... “para com isso Maria, você precisa estudar
e planejar sua viagem”, dizia para si mesma se concentrando outra vez.
A mãe de Maria, D. Miriam, trabalhava o dia todo fora, o pai também, Sr. Jorge
Linhares, segundo a avaliação da família ela era uma menina responsável e por
isso desde os 12 anos ficava sozinha em casa e nunca aprontou nada que pudesse
perder a confiança dos pais, ta certo que ela já havia quebrado alguns copos,
sujado a parede de tinta e até chegou a manchar o sofá, porém nada que fizessem
seus pais ficarem muito preocupados.
Ela se considerava adulta, esperta e
até inteligente em algumas matérias, amava música, essas músicas que todos os
adolescentes gostam, nada fora do normal. Ligava-se em moda e eletrônicos
estava sempre conectada no twitter, lendo as novidades dos cantores preferidos
e dos amigos era cuidadosa em postar mensagens, e esse cuidado vinha dos
conselhos insistentes da sua mãe em relação à internet. Muita coisa ela sonhava
em ter, outras os seus pais compravam para presentear a filha dedicada e por
muitas vezes, mimada.
Os sonhos dessa garota de 17 anos
eram grandiosos, altruísta desde pequena, ela queria ir à África, trabalhar em
um orfanato, sempre se ligou em trabalhos voluntários, além disso, gostava de
ler e escrevia algumas coisas, mas nunca teve coragem de mostrar a alguém.
Naquele dia, o primeiro dia de aula,
quando chegou a casa, largou suas coisas em cima da cama e foi se trocar, tirou
o uniforme, jogou-o sobre a cadeira próxima a mesa do computador, jogou os
tênis debaixo da cama e o relógio na mesa.
“Vou escrever para a Juliana,
começar a fazer amigos neh!” falou para si mesma enquanto ligava o computador.
Abriu a caixa de e-mail, olhou para saber se tinha uma mensagem nova, mas nada.
“Nossa, ninguém me escreveu da outra escola”, fez um bico, franziu a testa e se
levantou para fazer algo para comer. Indo em direção a cozinha ela pegou o seu
celular e tuitou uma mensagem: Primeiro
dia de aula na escola #estudar. Conheci uma amiga a Juliana.
Na cozinha tinha a comida que a mãe
havia feito no jantar, esquentou, pegou um pouco de suco na geladeira e foi
comer em frente ao computador. Comia, e escrevia um e-mail para a Juliana.
“Oi
Juliana, Tudo bem?
Gostei de te conhecer hoje, fez toda a
diferença. Ser aluna nova não é fácil.
Obrigada pela atenção.
Eu gostaria, se você tiver é claro, do
e-mail e do MSN do Daniel. Achei ele legal.
Abraço,
Maria”
Assim
que terminou de comer e escrever, já foi se concentrar nos estudos, já tinha
trabalho pra fazer, coisas novas para estudar e ainda tinha que correr atrás do
prejuízo até porque o pessoal do colégio “Estudar” estava bem mais adiantado do
que ela.
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