CAPA
FILHOS DA LUZ
SE LIGA NESSA...
Conheça a Galera que encontrou um Amor sem Limites que transformou a vida deles!
Na Escola
Na Escola
“Para todas as coisas Deus tem um propósito”
Maria Valverde estava sentada na carteira da escola próxima a janela. Ela olhava as nuvens. O dia estava nublado, mas muito abafado. Em alguns minutos da manhã o sol até tentou aparecer tímido, como se fosse inverno, mas o verão de 35° era sentido na pele, na garganta e no olhar. Em alguns se podiam ver o suor escorrendo na lateral da face; em outros, o cansaço e a indisposição; mas havia uma minoria que estava animada com o calor, pois o clube era o destino certo para depois da aula.
Para Maria as sensações eram outras, não estava preocupada com o calor. Naquele instante olhando pela janela parecia que os segundos estavam lentos, que o mundo tinha abaixado o som para que ela conseguisse ouvir seus pensamentos e imaginar o que deveria fazer.
Havia chegado o grande dia, e o clima era indiferente, parecia que nada importava mais do que o planejado, o desejado, a sonhada viagem. Ela estava em um mundo particular: o ar mais denso, a respiração mais forte e o coração acelerado num ritmo maravilhoso.
O toque do sinal da escola avisou que a hora havia passado.
Ela arrumou seu material apressadamente, enquanto isso seus colegas se despediam, eram abraços apertados, beijos, palavras animadoras e algumas lágrimas. Ele conseguiu colocar tudo na mochila e então viu que a Juliana estava parada na sua frente, neste momento não conseguiu conter as lágrimas e mais uma vez chorou. – Nós vamos nos falar todos os dias, entendeu? Juliana disse isso chorando.
- Eu não vou me esquecer de você. Vou sentir muito a sua falta, mas eu vou voltar, não vou ficar lá pra sempre, são sós 6 meses.
Juliana ajudou a pegar o restante do material e foi com a amiga até a porta.
- Oi. Preciso me despedir de você.
- Oi, Dani. Maria falou sem graça, olhando nos olhos dele.
Não houve muitas palavras, ele deu um abraço forte e disse bem pertinho da orelha.
- Vou sentir a sua falta, mas ficarei te esperando.
- Obrigada por me dizer isso.
Ela se afastou e disse que precisava sair rápido, porque precisava se arrumar, pegar as malas em casa, e seu pai iria leva-la ao aeroporto e não suportava atraso.
Juliana já tinha saído assim que viu o Daniel chegar e foi para o pátio, pois não aguentava mais chorar. Maria saiu da sala, passou pelo corredor. A mochila pesava nas costas. Falou tchau para todos os colegas, e se despediu com beijinhos em alguns. O coração palpitando cada vez mais forte, em poucas horas estaria no vôo, tudo o que era sonho, o que estava no papel estava prestes a se tornar real, não conseguia acreditar. Ela mal conseguia conter a ansiedade desta viagem, ela não acreditava que em poucos minutos estaria voando para a Europa, para conhecer o lugar onde seus avós viveram e se conheceram. Seus pensamentos estavam a toda velocidade e enquanto descia a rampa que dá acesso ao portão principal da escola, ela abriu a bolsa para pegar o celular e ligar para o seu pai, de repente alguém grita seu nome.
- Maria!
Ela olhou pra trás, com um sorriso estampado no rosto, imaginando que mais alguém queria se despedir dela e desejar boa viagem e não viu o buraco a sua frente. Caiu. A dor foi instantânea, não conseguia pensar em outra coisa a não ser em seu tornozelo, o material havia batido com força no chão, a mochila foi parar longe, tentou se proteger com as mãos, mas quando viu que não havia maneira de remediar a situação caiu no chão se lançando totalmente e pendendo a cabeça para o lado.
Caída no chão, ofegante, tentando entender o que aconteceu, fechou os olhos e quando os abriu tudo começou a rodar, num momento improvável de reflexão pode perceber o quanto era pequena diante da imensidão do universo e pensou, parecia que as nuvens estavam mais rápidas: daqui é tão lindo olhar o céu com nuvens brancas, as árvores que compõe o cenário de beleza e a harmonia alegre do cantar dos pássaros. Deus, ela gritou e sentiu mais forte a dor que subia pela perna.
Como resolver?
“Deus cuida de cada detalhe”
Como resolver?
Um fio de água próximo ao portão deixou o porteiro do colégio preocupado.
- Um vazamento! Murmurou. Ele coçou a cabeça, andou de um lado para o outro e chamou a inspetora pelo interfone. – Carla está na escuta?
- Sim, respondeu de um jeito autoritário e áspero. Carla Vivas morava sozinha e se dedicava ao trabalho com todas as forças, chegava a ser legalista nas decisões e nas ordens, não cedia. Isso era bom para o diretor, pois controlava os alunos com um olhar. Os outros funcionários tinham aprendido a conversar e se relacionar com ela.
- Poderia chamar o João, tem um vazamento na porta do colégio e está ficando cada vez maior. Espantou-se o porteiro, que em segundos, viu o fio de água se tornar uma pequena torrente - alguém precisa ver isso logo, pois os alunos vão sair daqui a pouco e está ficando feio.
- Vou chamá-lo. Falando com a mesma voz autoritária e áspera, sem dar muita atenção ao caso, tudo o que os outros faziam não era tão importante quanto o que ela fazia.
Não demorou muito, o João Silva, o “faz tudo do colégio” já estava no portão, conversando com o diretor falando que teria que quebrar para ver o que estava acontecendo. O Senhor Mauro não estava feliz com a ideia e coçava a cabeça, pensando qual seria a melhor alternativa. Ulisses, o porteiro do colégio, pensava nas crianças, mas Mauro estava preocupado com o dinheiro que teria que pagar para consertar o vazamento no portão da escola.
Já estavam quase resolvendo o problema, já que era sexta-feira, por hora deixaria um aviso “Cuidado, piso molhado” e quebrariam a calçada no sábado, quando a escola estivesse vazia, então se ouviu um estouro.
- O que foi isso?
- AH! Gritou os três homens em frente à escola.
O Senhor Mauro estava todo molhado, não foi preciso quebrar o piso ele foi arrebentado com a força da água. João correu para ligar para um técnico e Ulisses mandou recado para todos os funcionários para que não deixassem os alunos saírem da sala de aula até a segunda ordem.
"Técnico"; "Na escola"
“Não pergunte ‘por que’, pergunte ‘para quê’”.
Técnico
- Alô?
- Por favor, poderiam enviar um técnico para a Escola Estudar no Bairro Primavera, estamos com um vazamento na porta do Colégio.
- Ok, estou mandando.
- Precisamos enviar um técnico para a Escola Estudar. Ricardo desliga o telefone e olha para a tela do computador preocupado.
- Por quê? Pergunta Clara sem se virar para o lado, ocupada com o seu trabalho.
- O diretor acabou de ligar falando que tem um vazamento lá. E você viu esse e-mail que acabou de chegar?
- Faça uma chamada e pede para o Paulo ir até o local. Precisamos mandar alguém pra lá urgente! Aquele diretor fica “super bravo” quando os técnicos demoram pra chegar. E, que e-mail? Eu não vi nada. Vou entrar aqui no meu pra ver. Quem mandou?
- Miriam, mande alguns técnicos para o Bairro Primavera, na Rua Uruguaiana na altura do número 1250. Falou apressadamente e com um tom de urgência.
- Ixi, é a escola da minha filha. O que aconteceu? Ficando preocupada.
- Um vazamento. E parece ser sério!
- Esta bem, já estou emitindo uma ordem. Ela o faz apressadamente, ela conhece o dono do colégio e já começou a imaginar como ele deve estar preocupado com toda situação. Pensou – preciso ligar para Maria, hoje é a tão sonhada viagem dela. Ela deve estar ansiosa.
Na Escola
- Eles chegaram! Gritou Ulisses sorrindo, e pensou agora estaria tudo resolvido. Conseguiu até respirar mais aliviado.
- Já estava na hora! Falou o Sr. Mauro com ar de autoridade e muito preocupado, saindo de onde estava parado olhando o vazamento como se tivesse o poder de arrumar tudo àquilo com a força da mente e indo em direção até o técnico.
Os técnicos já tinham cortado a água, abriram um buraco e toda a escola iria ficar sem água por pelos menos 24 horas, abriu-se um buraco bem maior que o esperado no portão e os alunos deveriam sair por outra portaria.
Dois homens trabalhando, o grupo da escola olhava curioso, tentando entender o que tinha acontecido e averiguando o que os técnicos iriam fazer para arrumar aquele estrago. De repente ouve-se um grito de dor. Todos olharam desesperados. E viram que uma pessoa tinha caído no buraco que os técnicos haviam feito para arrumar o vazamento.
Era Maria, ela nem percebeu que tinham várias pessoas trabalhando na portaria do colégio e que todos os alunos estavam saindo por outro lugar. Daniel tentou avisá-la, mas foi tarde demais.
Alguns correram em direção a Maria, ela chorava muito, dois homens tentaram tirá-la do buraco, mas ela gritou tanto que eles desistiram e pediram para chamar a ambulância.
Maria sentiu uma dor lancinante percorrer o corpo quando tentaram tirá-la do buraco.
- Ela quebrou o pé. Disse Mauro tentando dar um laudo médico.
- Tenta mexer o seu pé? Pediu o João.
- Ai. Dói demais, não consigo. Choramingou Maria.
- Ixi, ela quebrou o pé. Pede pra chamar a ambulância. Ordena o Sr. Mauro coçando a cabeça.
- Já chamaram. Disse um dos técnicos.
Maria estava com aspecto pálido, parecia que iria desmaiar, então Daniel se aproximou – Está tudo bem? Ele olhou para ela com vontade de abraçá-la, beijá-la e até gostou, por ela ter caído naquele buraco. Sentiu-se um crápula, pensando assim. Ele segurou na mão dela com muito carinho. Ela abriu os olhos e falou com dificuldade e chorando.
- Estou sentindo uma dor terrível, não consigo mexer minha perna. Maria não conseguia retribuir o carinho de Daniel.
- Eu tentei te avisar, mas acho que só atrapalhei. Ele disse olhando em seus olhos, como quem tenta falar “Eu te amo, olha pra mim”. Mas ele não disse nada, seus olhos brilhavam, mas ele não tinha coragem de se declarar para ela.
Maria recobrou as forças e falou devagar.
- Tudo bem, minha mãe vive falando que eu preciso prestar mais atenção por onde ando. Obrigada! Nesse momento ela caiu em um choro desesperado, todos olharam para ela e perguntavam “o que foi?” “O que aconteceu?”, Daniel ficou desconsertado, não sabia o que falar, até pensou que ela não tinha gostado da maneira como ele olhara para ela, porém o choro dela não era nada sério, ou melhor, não era sério para os outros, ou para a sua saúde. Era sério para Maria, pois ela se lembrou da viagem... Daniel tentou abraçá-la, deixá-la mais calma, mas nada a acalmava, por tanto tempo havia sonhado com aquela viagem e agora, o que poderia ter acontecido com seu tornozelo que doía tanto, será que poderia atrapalhar tudo o que tinha planejado... Ouviu-se o sinal da sirene ficando cada vez mais forte.
Algumas pessoas estavam por volta de Maria. Juliana tentou de todas as formas aproximar-se, era a melhor amiga, mas ninguém deixou. Só falavam que tinham que se afastar para deixá-la livre, mas na verdade tinha uma multidão de professores, funcionários por volta dela e Juliana não teve nem chance de falar que estava por perto, ela viu de longe colocarem Maria na maca e levarem para dentro da ambulância. Daniel foi até a ambulância com ela, lhe deu um beijo no rosto, e então se afastou e os paramédicos fecharam a porta. Maria foi embora. Depois que a ambulância saiu, Juliana conseguiu conversar com Daniel e perguntar o que tinha acontecido.
Com a mãe
“Os planos foram sempre os mesmos, nós não percebemos”
Com a mãe
- Mirian, telefone da escola pra você.
- Ok. Pode passar. Miriam recebe a ligação sem se preocupar, pois sua filha, a Maria é uma excelente aluna.
- Senhora Miriam, aqui é a coordenadora Laura, tudo bem? A coordenadora Laura Bertassoli sempre foi muito preocupada com os alunos e tinha um relacionamento com os pais que era exemplar. Era atenciosa, firme e sabia ouvir as queixas ou simplesmente os desabafos das famílias.
- Estou sim, e o vazamento? Respondeu Miriam Valverde sem se preocupar com a ligação.
- Vazamento? Laura não entendeu muito bem a pergunta.
- É, o vazamento na frente do colégio, tive que emitir uma ordem para irem alguns técnicos para ver o que estava acontecendo.
- Sim, o vazamento, é para falar sobre ele que te liguei, bem não exatamente, é sua filha, ela caiu no buraco que o vazamento fez na frente da escola e agora foi levada para o hospital, parece que quebrou o pé. A coordenadora tenta falar de forma calma para não deixar Miriam muito preocupada.
- Nossa! Qual hospital que a levaram?
- Para o Samaritano.
- Obrigada. Desligou o telefone olhou por volta, ligou para seu chefe e disse que precisava sair, pois sua filha estava no hospital.
Miriam se levantou, pegou sua bolsa, mas esqueceu o celular em cima da mesa perto do computador. Saiu correndo, avisou a recepcionista que precisava ir embora e saiu para o estacionamento, mal conseguia se lembrar de onde deixou o carro, parou um instante, colocou a mão na cabeça, sentiu uma pontada fina e preocupante de dor de cabeça, encontrou o carro e saiu andando o mais rápido que pode. Pela estrada vinha pensado, como estaria a Maria, quem estava com ela, e a viagem?
Um Encontro importante - 5a parte
Nada é por acaso
2 anos antes...
Um encontro importante!
O céu azul com nuvens brancas e um sol espetacular no mês de fevereiro, Juliana tinha acabado de chegar em casa. Colocou sua bolsa no móvel de costume, ligou o computador e foi beber um pouco de água, não tinha ninguém em casa e ela ficou feliz por isso, assim poderia ler sem ser perturbada, procurou algo na geladeira, encontrou um yogurte, pegou. Tomou. Depois abriu as portas do armário e encontrou um pacote de bolacha, agarrou-o foi para frente do computador. Enquanto comia deu alguns cliques e abaixou os e-mails, não tinha nada de interessante. Então foi direto para o facebook, algumas atualizações, umas curtidas e nada demais.
- Minha mãe precisa me dar um telefone com 3G, todo mundo vê as atualizações na hora, só eu preciso esperar para chegar em casa.
Afastou o teclado e pegou o seu livro e um caderno, onde fazia as anotações e também registrava alguns acontecimentos diários e escrevia alguns estudos nele, era um devocional-diário. Lá ela escrevia como foi o seu dia e também alguns estudos bíblicos.
Naquele dia ela leu em seu livro:
“Depois disso, Jesus e os seus discípulos foram para a região da Judéia. Ele ficou algum tempo com eles ali e batizava as pessoas. João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque lá havia muita água. (João ainda não tinha sido preso.) Alguns discípulos de João tiveram uma discussão com um judeu sobre a cerimônia de purificação. Eles foram dizer a João: —Mestre, aquele homem que estava com o senhor no outro lado do rio Jordão está batizando as pessoas. O senhor falou sobre ele, lembra? E todos estão indo atrás dele. João respondeu: —Ninguém pode ter alguma coisa se ela não for dada por Deus. Vocês são testemunhas de que eu disse: “Eu não sou o Messias, mas fui enviado adiante dele.” Num casamento, o noivo é aquele a quem a noiva pertence. O amigo do noivo está ali, e o escuta, e se alegra quando ouve a voz dele. Assim também o que está acontecendo com Jesus me faz ficar completamente alegre. Ele tem de ficar cada vez mais importante, e eu, menos importante. Aquele que vem de cima é o mais importante de todos, e quem vem da terra é da terra e fala das coisas terrenas. Quem vem do céu é o mais importante de todos. Ele fala daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita a sua mensagem. Quem aceita a sua mensagem dá prova de que o que Deus diz é verdade.”
Ela parou, olhou para a tela do computador, depois voltou a ler novamente. “Ele tem de ficar cada vez mais importante, e eu, menos importante”. - Por quê? Ela perguntou para si mesma. Esse trecho ficou martelando em sua cabeça. Tinha algo que ela precisava saber, ou algo que essa frase queria falar com ela.
Juliana Pereira Lima conheceu um grupo de amigos, no ano passado, na escola onde estuda e esse grupo costumava se reunir nos intervalos para estudarem a bíblia, ela achou engraçado vários jovens estarem juntos para estudar um livro e ainda mais a bíblia. Mas resolveu conferir esse feito extraordinário que eles chamavam de Devocional. Juliana gostou do grupo, dos estudos e acabou ficando por lá e se interessando pelas atividades dessa turma. E por isso ela lia a bíblia quase todos os dias. Depois de um tempo que ela começou a participar das atividades desse grupo de amigos, ela começou a frequentar uma igreja e muitas coisas mudaram na vida dela. Começou a perceber as pessoas e o mundo de uma forma diferente. Na opinião da própria Juliana, ela se tornou uma pessoa melhor.
Juliana estava pensando, por que Ele tem que ficar cada vez mais importante, e ela, menos importante? Qual o objetivo disso? Resolveu enviar um e-mail para a Pâmela, todas as dúvidas de Juliana eram respondidas pela Pâmela.
Oi Pâmela, tudo bem amiga?
Eu estava lendo um trecho da bíblia no evangelho de João e li algo que me deixou com duas dúvidas. Você poderia me ajudar?
“Ele tem de ficar cada vez mais importante, e eu, menos importante”. João 3:30
Por que Jesus tem que ser mais importante, e eu, menos importante?
Qual o objetivo disso?
Por que a bíblia pede pra gente ser menos importante?
Não entendi!
Acho que foram três dúvidas... rsrsr
Um abraço,
Ju.
Terminou de enviar o e-mail quando ouviu a porta do apartamento abrindo, ela fechou a bíblia, guardou seu caderno e mexeu na sua bolsa para procurar o caderno de física e começar a estudar para a prova.
- Oi Ju!
- Oi mãe.
- Você almoçou?
- Comi alguma coisa aí.
- Comer alguma coisa não é almoçar Juliana.
- Estou sem fome e tenho que estudar para a prova de física.
Juliana pegou seu livro de física, abriu-o, folheou o caderno e parou na página dos exercícios e começou a olhá-los. Sua mãe parou na porta do quarto e percebeu que Juliana estava distante, com os olhos fixos no horizonte, ficou ali durante um tempo e até pensou em perguntar como a filha estava e sobre as mudanças que estavam acontecendo, mas preferiu deixar a filha estudando.
Ela foi despertada de seu ‘transe’ quando ouviu as panelas batendo na cozinha, sua mãe estava cozinhando, nesse momento ela voltou a olhar para os exercícios e falou consigo mesma. - Não consigo aprender isso, não entra na minha cabeça.
- Você falou alguma coisa Juliana. Perguntou a mãe, gritando da cozinha.
- Nada não mãe.
Resolveu abrir os e-mails para ver se a Pâmela havia respondido. Um e-mail estava chegando, até sentiu-se animada, queria entender o que aquela frase queria dizer. Era um e-mail sobre uma promoção do Submarino. Ela olhou, suas sobrancelhas se levantaram, entortou a boca para o lado esquerdo se decepcionando. Resolveu dar mais uma olhada no facebook, acabou ficando por lá mais do que o normal e então se lembrou da prova e voltou para o caderno de física e a apostila.
Lá fora o dia estava radiante, uma brisa tocava a copa das árvores, o sol parecia cantar de alegria. Ouvia-se de longe barulho de carros, motos e, algo chamava a Juliana para estar à janela e contemplar tudo o que estava ao seu alcance.
Ela se levantou, foi em direção ao corredor da casa. Queria falar com sua mãe sobre tudo o que tinha vivido e estava vivendo nesses últimos 6 meses. Foram tantas mudanças, transformações. Ela estava no meio de um turbilhão de acontecimentos e idéias que fervilhavam em sua cabeça. Uma nova forma de ver o mundo, de ver as pessoas, parecia que antes ela olhava e agora ela via, via o que realmente estava acontecendo. Mas Juliana parou na porta do quarto, olhou ao longo do corredor, ouviu o tilintar das panelas. Abaixou a cabeça. Orou. – Deus, me ajuda!
Não conseguiu prosseguir e voltou para os seus cadernos e apostilas e física. Prova!
- Outro dia eu falo com ela. Pensou.
Juliana acordou sonolenta, esfregou os olhos, parou por um instante e se lembrou que era terça-feira e tinha prova de física, se levantou foi ao banheiro lavou o rosto. Escovou os dentes. Tomou banho. Sua mãe já estava de pé esperando para tomar café da manhã. Sentou a mesa falou bom dia para a mãe, perguntou do pai, ela disse que ele já tinha saído, pois precisava fazer uma viagem.
O irmão dela estava ao lado, mas como sempre fazia, fingiu que não o viu, mas era quase impossível não notar sua presença, pois já estava colocando farelo de pão dentro do café dela, ela esbravejava, toda vez que o irmão de alguma forma a irritava.
- Sai pra lá moleque, você não tem jeito! Empurrando o irmão para o seu lugar. Ele se sentou dando risada e tomando seu café.
- Parem de brigar, tomem esse café logo, pois precisamos ir. A Mãe sempre intervinha tentando acalmar a situação, claro que da maneira dela, gritando também.
O Café acabou, todos para o carro, a mãe de Juliana sempre atrasada, era uma correria e gritaria todas as manhãs. Juliana já estava ficando cansada, queria que isso mudasse, só não sabia como. O primeiro a ficar na escola era o irmão, Bruno, depois a Juliana. Sempre dava um beijo na mãe de despedida.
Juliana já estava sentada em sua carteira, preocupada com a prova e esperando a chegada do professor, ela estava distraída, quando uma menina que chega tímida, sem graça, tropeça e derruba todo o material sobre ela.
Esse foi um encontro importante!
- Esta tudo bem? Perguntou Juliana preocupada.
- Estou. Meio sem jeito ela responde.
Ela pegou seus livros e cadernos e foi para uma carteira que estava vazia na mesma fileira que Juliana. Alguns alunos que estavam próximos ficaram curiosos em saber quem era a nova aluna e perguntaram o seu nome.
- Maria
Outros só olharam: uns com desprezo, porque acharam a menina muito patricinha; outros com indiferença, do tipo tanto faz quanto fez quem ela é, tenho mais o que fazer; alguns meninos a acharam super gatinha; e um dos meninos a olhou de um jeito especial, mas nem deu bandeira. Depois que Maria conseguiu se organizar na carteira, Juliana foi até a nova colega de classe e fez uma bateria de perguntas:
- Da onde você veio? Onde você mora? O que gosta de fazer? Você gosta de biologia? Onde você comprou esse brinco? E várias outras perguntas. Nem preciso falar que Maria gostou de Juliana e foi sua primeira amiga no colégio.
Depois da aula, Juliana parou um instante no portão do colégio observando todo o caos que se instalava na saída: os pais chegando, Ulisses chamando os alunos pelo nome no microfone, professores que saem conversando sorrindo, outros com pressa esbarrando nas pessoas sem cumprimentar ninguém. Alunos entrando, alunos em rodinhas conversando, rindo alto. Carros indo e vindo, parando, saindo. Olhou para o céu e viu um azul encantador, cheio de vida, não havia nuvens no céu, conseguiu até voar e olhar tudo lá de cima. Como seria?
- Juliana! Daniel a chama, percebendo que ela não estava com os pés em terra. Ela olhou ao redor e viu toda bagunça chegou a fechar os olhos.
- Ju! Chama novamente o Daniel e agora ficou até preocupado.
- Oi Dani. Respondeu irritada.
- Ta viajando hein!
- Um pouco. O que foi? Ela responde dando um sorriso.
- Então. Apresenta-me sua nova amiga. Falou com um pequeno sorriso no rosto, desviando o olhar por cima do ombro de Juliana e encontrando Maria.
Maria tinha pela branca, os olhos verdes e cabelos negros, ao contrário de todas as meninas seu cabelo tinha lindos cachos, naturais. Ela media 1,60 seu rosto era delicado, mas o olhar era forte e determinado, quando falava suas mãos acompanhavam, tinha uma linguagem corporal que expressava rapidamente seus sentimentos, suas angústias e desejos. Maria não sabia desses atributos e muitas vezes se acuava diante de pessoas autoritárias. Ela nem percebeu que Daniel olhava para ela e acompanhava cada movimento.
- Vamos lá Dani. Vou apresentá-la a você. Juliana o puxou pelo braço.
- Ola meninas! Maria, esse é meu amigo Daniel. Ele está na nossa sala.
- Oi. Trocaram um beijinho no rosto e ficaram um olhando para o outro, como quem pergunta, E aí?
- Bom, turma. Preciso ir, minha perua acabou de chegar. Tchau Maria. Tchau Dani. Olhando para ele e dando uma risadinha, puxando só um lado dos lábios e levantando as sobrancelhas. Tchau meninas.
Todos falaram tchau e Daniel teve vontade de correr atrás da Juliana e falar pra ela que não deveria ter feito aquilo, olhou para as meninas deu um sorriso sem graça.
- To indo também. Olhou para elas, para Maria, e foi embora.
- Tchau Dani. Maria foi a única que respondeu e ficou olhando pra ele enquanto se afastava tropeçando em todo mundo.
Daniel chegou a uma roda de amigos, entrou na brincadeira dos colegas e conseguiu disfarçar. Era o que ele pensava!
Ousadia e Coragem
Ousadia e coragem
Muita pressão!
Daniel Bruneti era um menino de 1,80 metros, moreno, o cabelo castanho escuro com o corte da moda, olhos castanhos claros, usava jeans e camiseta com a manga curta. Gostava de mostrar que praticava esportes e tinha o braço sarado. Ele se mostrava seguro de si em alguns momentos, mas tímido em muitos outros, se preocupava com as pessoas a sua volta, mas não admitia um erro, seus defeitos eram sempre justificados pelos erros dos outros: pais, amigos, professores. Dificilmente pediria perdão. Mas não gostava de ver alguém sendo injustiçado e queria prontamente resolver tudo da maneira que achava certo, do jeito dele. Raramente pedia conselho. Com esse ar de tímido, sedutor e esquentado em algumas vezes era alvo de muitas críticas.
Daniel também precisava agüentar a pressão em casa. Ele é filho do pastor Miguel Sanches, tem uma irmã, ela é 3 anos mais velha que o Daniel e mora fora, está passando uma temporada nos EUA, estudando e trabalhando, ela é a doce Mariana. E um irmão que já está casado há 2 anos, o ponderado Pedro que esse ano completa 24 anos.. Ele é o mais novo, e no julgamento do pai o mais rebelde, como Diria o Pastor Miguel – Que difícil esse menino.
Para Daniel era difícil mesmo, tinha que cumprir várias regras e agüentar a máxima de sempre: - você é filho de pastor, tem que dar o exemplo. Ele não queria dar o exemplo e não pediu para ser filho de pastor. Era assim que ele pensava, mas o que ele pensava não ajudava muito.
Na verdade Daniel estava confuso que caminho seguir, e para ele parecia que os outros colegas da sua idade não precisavam pensar nisso, eles iam vivendo sem se preocupar no como. Um dia ele queria muito abrir o coração e ser o que ele chamava de “perfeito”, em outro momento queria jogar tudo pro ar e não se importar com nada e com ninguém. Contudo os pensamentos invadiam sua mente e vinham como um tsunami e não sabia o que fazer.
Depois de conhecer a Maria e de tentar disfarçar que já estava interessado nela na saída do colégio, o Pai de Daniel foi buscá-lo.
- Como foi o dia na escola, tudo bem?.
- Tudo. Respondeu Daniel, indiferente ao pai, olhando para fora do carro e com jeito de quem não quer conversar. O pai olhou e percebeu que o filho mostrava uma fisionomia diferente, como nunca ele tinha reparado, mas não soube identificar o que era, não parecia problemas, mas era estranho.
- Você precisa fazer a arte do logo para a festa Daniel. Estou precisando disso! Ele foi falando enquanto estacionava o carro na garagem de casa.
- Eu vou fazer pai. Daniel pega sua mochila, desce do carro e grita - To com fome mãe.
O Senhor Miguel olha para o filho e fica preocupado, mas espera, dando um voto de confiança.
- O almoço está quase pronto, espera cinco minutos. A mãe responde e olha pra ele - Ta tudo bem?
- Tá, por quê?
- Você está diferente hoje. A mãe olha desconfiada de que aconteceu alguma coisa. Daniel sorri para a mãe e vai para o quarto colocar sua mochila.
Ele sabe que está acontecendo alguma coisa, e ele não para de pensar nela, na Maria. Quando entra no quarto, senta na cama, fica paralisado por alguns segundos, lembrando do rosto, do cabelo, do sorriso.
- Como será que ela é? fala em voz alta.
- Quem Daniel? Pergunta sua mãe que tinha ido ao quarto falar que o almoço já estava pronto. Aliás, sua especialidade era chegar nos lugares sem ser percebida e com isso sempre ouvia mais do que o necessário, não fazia por mal, mas isso irritava Daniel e os outros filhos também. Ana Maria era calma e perspicaz, conseguia entender o que estava acontecendo olhando nos olhos da pessoa. Ficava boa parte do dia em casa, mas realiza trabalhos com as mulheres na igreja 3 vezes por semana ensinando-as a fazer trabalhos manuais. Era conselheira e amiga.
- Ah! Nada mãe, estou falando bobagens. Ela olhou para o filho, sabendo que tinha coisa errada, mas começou a entender o errado da história e diz - O almoço está pronto.
Depois do almoço, Daniel sempre gostou de dormir e logo depois precisava estudar, mas estudar não é o que ele gostava de fazer, mas era a obrigação dele, como dizia seu pai.
Daniel estava revirando as páginas de um livro quando o pai chegou ao quarto.
- Daniel você fez a arte pra mim? Dessa vez a pergunta não saiu num tom amigável, mas como cobrança.
- Ainda não pai. Daniel responde ao pai como se fosse obvio que ele ainda não tinha feito, pois estava estudando
- Eu preciso dela, se você não puder fazer me fala que eu peço para outra pessoa. Falou, perdendo a paciência.
- Eu não falei que vou fazer, espera um pouco, eu “to” estudando. Ele responde gritando e no mesmo momento percebe que fez uma burrada. Há um silêncio no quarto, Daniel até queria pedir desculpas no mesmo momento, mas ficou quieto.
O Pai pensou um pouco nas palavras, e soltou.
- Daniel você está de castigo, falou devagar e muito bravo, esse final de semana não vai sair, eu só te fiz uma pergunta, você não pode falar comigo em meio aos gritos, não é mais para fazer a arte, pois não quero que alguém a faça com tanto rancor, vou pedir a outra pessoa que eu tenho certeza, fará com muita vontade. Encerrou o pai que estava com vontade de pegar a varinha e bater em Daniel.
- Mas pai, nós vamos para a pizzaria...
- Castigo Daniel, assunto encerrado. O Senhor Miguel saiu do quarto e foi conversar com a esposa.
- Que raiva, não vou ao aniversário da Ana. Por que eu fui falar daquele jeito? Que raiva, meu pai nunca entende. Ele pensa que é o que?
Daniel olha para o computador que está a sua frente, olha os cadernos, tem vontade de esmurrar alguma coisa, verifica se tem alguém no MSN e percebe que alguém quer te adicionar, ele olha o nome da pessoa e o coração palpita mais forte quando lê “Maria”.a em casa, mas realiza trabalhos com as mulheres na igreja 3 vezes por semana ensinando-as a fazer trabalhos manuais. Era conselheira e amiga.
- Ah! Nada mãe, estou falando bobagens. Ela olhou para o filho, sabendo que tinha coisa errada, mas começou a entender o errado da história e diz - O almoço está pronto.
Depois do almoço, Daniel sempre gostou de dormir e logo depois precisava estudar, mas estudar não é o que ele gostava de fazer, mas era a obrigação dele, como dizia seu pai.
Daniel estava revirando as páginas de um livro quando o pai chegou ao quarto.
- Daniel você fez a arte pra mim? Dessa vez a pergunta não saiu num tom amigável, mas como cobrança.
- Ainda não pai. Daniel responde ao pai como se fosse obvio que ele ainda não tinha feito, pois estava estudando
- Eu preciso dela, se você não puder fazer me fala que eu peço para outra pessoa. Falou, perdendo a paciência.
- Eu não falei que vou fazer, espera um pouco, eu “to” estudando. Ele responde gritando e no mesmo momento percebe que fez uma burrada. Há um silêncio no quarto, Daniel até queria pedir desculpas no mesmo momento, mas ficou quieto.
O Pai pensou um pouco nas palavras, e soltou.
- Daniel você está de castigo, falou devagar e muito bravo, esse final de semana não vai sair, eu só te fiz uma pergunta, você não pode falar comigo em meio aos gritos, não é mais para fazer a arte, pois não quero que alguém a faça com tanto rancor, vou pedir a outra pessoa que eu tenho certeza, fará com muita vontade. Encerrou o pai que estava com vontade de pegar a varinha e bater em Daniel.
- Mas pai, nós vamos para a pizzaria...
- Castigo Daniel, assunto encerrado. O Senhor Miguel saiu do quarto e foi conversar com a esposa.
- Que raiva, não vou ao aniversário da Ana. Por que eu fui falar daquele jeito? Que raiva, meu pai nunca entende. Ele pensa que é o que?
Daniel olha para o computador que está a sua frente, olha os cadernos, tem vontade de esmurrar alguma coisa, verifica se tem alguém no MSN e percebe que alguém quer te adicionar, ele olha o nome da pessoa e o coração palpita mais forte quando lê “Maria”.
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Descobrindo o porquê das coisas
E-mail
“Oi, Juliana. Tudo bem?
Recebi seu e-mail e fiquei feliz em saber que está estudando a bíblia e que tem dúvidas, isso significa que está aprendendo. Bom, diminuir na nossa cultura não é algo muito bom, até porque todos nos ensinam a sermos pessoas de sucesso, temos que nos destacar e isso significa crescer. Mas o que as pessoas não entendem é que diminuir para Jesus crescer em nós é como se eu falasse, ‘Jesus se destaque por meio da minha vida e que você receba a glória’, pois a graça de Deus cresce e o poder humano diminui, quantas vezes nos pegamos fazendo coisas que não queríamos, não é verdade?
Quando quero diminuir estou falando que não quero viver de forma egoísta, mas que dependo de Jesus, que não quero fazer as coisas segundo a minha vontade, mas segundo a vontade dEle.
Você poderia parafrasear essa mensagem: Jesus que as pessoas percebam que tu és aquele que me ajuda em tudo, que sozinha não conseguiria, mas quando você aparece em mim e eu me escondo isso é bom, pois as pessoas vão conhecer o teu amor.
Leia também o salmo 51 Ju, ele mostra como Davi dependia do Senhor para todas as coisas, e Davi sabia que sozinho ele só fazia coisas erradas.
Peça para o Senhor te ajudar a entender a palavra e ser alguém que deixa Jesus crescer em você.
Acho que respondi suas três perguntas, qualquer dúvida me mande um e-mail.
Beijos,
Pâmela.”
Juliana leu o e-mail da Pâmela e voltou a ler toda a passagem onde estava escrito “É necessário que ele cresça e que eu diminua” e pôde perceber na história, um homem chamado João Batista e era quem falava essas coisas.
Então ela entendeu que João explicava ao povo que ele não era importante, mas estava falando de alguém muito importante: Jesus.
Depois foi ler o salmo 51, como Pâmela havia indicado no e-mail. Ela se surpreendeu em ler a declaração de Davi, suplicando pelo perdão de Deus e também declarando que necessitava Dele para viver e ser perdoado. Esse amor por Deus era algo novo para Juliana, ela gostava de ver as pessoas declarando sua fé sem medo e de verem como ficavam felizes quando estavam orando ou louvando.
Todos os dias ela aprendia algo novo e tudo era extraordinário, recebia as novidades com intensa alegria e com um desejo de compartilhar essa alegria com sua família e seus amigos. Com os amigos ela tinha mais liberdade de falar da transformação que estava acontecendo na vida dela, mas com os pais ela ainda tinha medo.
O medo de Juliana era de ser repreendida pelos pais, de que eles não a deixassem ir à igreja ou estar com os amigos “Cristãos”. Então, o medo a calava e ela não contava a eles toda a alegria que estava sentindo e as mudanças pelas quais estava passando.
Mas enquanto Juliana ficava quieta com medo, seus pais conversavam sempre comentando as mudanças na vida dela, no comportamento, nos estudos, e como esse novo comportamento deixava eles felizes. A mãe de Juliana, D. Miriam, por várias vezes tentou falar isso para a filha o quanto eles estavam felizes em ver como ela tinha mudado. E eles queriam conhecer o lugar onde sua filha estava indo todos os finais de semana e que a deixava tão feliz.
Porém, estavam esperando um convite dela.
Juliana acabou de ler o salmo 51 e respondeu o e-mail da Pâmela:
“Obrigada Pam.
Com certeza logo, logo estarei enviando outras perguntas.
Beijos,
Ju”
E, antes de desligar o computador passou pelo facebook, escreveu a frase que tinha chamado a atenção dela no status e voltou para atualizar o e-mail e viu que recebeu mais uma mensagem, pensou que fosse da Pâmela, mas era da Maria. Elas tinham trocado e-mails na escola para conversarem um pouco mais e para a Juliana ajudá-la nos estudos, pois a Maria ficou perdida na aula de biologia.
O e-mail dizia que a Maria tinha ficado muito feliz de conhecê-la e isso a ajudou a se enturmar com o pessoal, ela agradecia e no final pediu o MSN do Daniel. “Daniel! Não acredito que a Maria gostou dele? Ele é até um bom amigo, mas se acha, coitada!” Leu o pedido espantada, não acreditava como uma menina tão legal e inteligente pudesse gostar do Daniel. Mas resolveu responder e passar para a nova amiga o endereço do MSN dele. Para Juliana, Maria perdeu alguns pontos. Será que ela era mais uma daquelas meninas que não pode ver um garoto bonito que já sai correndo atrás? Isso a deixou preocupada.
Respondeu o e-mail para Maria e mandou o seu link para o facebook e o twitter, assim elas poderiam estar conectadas o tempo todo e saberem das novidades em tempo real.
Estamos correndo atrás do vento
Estamos correndo atrás do vento
Maria
Uma sonhadora! Essa palavra define a aluna nova da escola. Os pais a matricularam nessa nova escola, pois queriam que a filha estudasse mais e acreditavam que ali, na escola Estudar, o ensino era mais “forte”. Maria aceitou a ideia, pois um dos seus sonhos era realizar uma grande viagem pela Europa e seu pai deixou claro que ela só viajaria se passasse no vestibular. Ela chegou a contestar o pai, mas num tom baixo, sem coragem de olhá-lo nos olhos, até chegou a pensar “para que passar no vestibular se eu vou viajar?” Mas, é claro não disse isso ao seu pai, ela não teria coragem. Então ela concordou em estudar para passar no vestibular.
O pai só aceitou o acordo, pois pensava que se Maria passasse no vestibular iria desistir da viagem. Só que ela estava decidida em viajar e dessa vez a teoria do Seu Jorge estava errada.
Além de sonhadora, Maria também era determinada e não desistia dos seus sonhos e metas facilmente. Não era tão organizada com suas coisas, algo que deixava sua mãe muito brava e a sua desorganização era o único motivo de briga entre elas.
Sua mãe chegou até a falar para ela no meio de uma discussão: “como você vai conseguir sobreviver em outro país sozinha no meio de tanta desorganização, com certeza você terá problemas”. Maria sabia que a mãe tinha razão e ela precisava melhorar, mas odiava quando a mãe falava com ela assim.
Sua rotina era acordar de manhã para ir à escola, almoçar, estudar 3 horas por dia, passar uma ou duas horas sonhando com a viagem, vendo sites, hotéis, lugares para visitar, pessoas que moram lá para conversar e planejar todo o roteiro, ela já tinha feito isso umas 100 vezes sem exagero, mas continuava pensando em novas alternativas e lugares. A noite sempre revisava a matéria do dia e tentava ir mais longe para estar a frente dos outros e se sobressair. Uma verdadeira “Nerd”.
O primeiro dia de aula na escola “Estudar” fez mudar um pouco o ritmo das coisas, estava atrasada com a matéria de biologia, conhecer o Daniel fez com que ela parasse de pensar tanto na viagem e começou a pensar nele. Ela não queria ficar pensando no Daniel, não queria perder o foco das coisas que estava determinada em fazer, mas, às vezes, de vez em quando, assim como quem não quer nada estava ela olhando para o nada e pensando no sorriso, nos olhos... “para com isso Maria, você precisa estudar e planejar sua viagem”, dizia para si mesma se concentrando outra vez.
A mãe de Maria, D. Miriam, trabalhava o dia todo fora, o pai também, Sr. Jorge Linhares, segundo a avaliação da família ela era uma menina responsável e por isso desde os 12 anos ficava sozinha em casa e nunca aprontou nada que pudesse perder a confiança dos pais, ta certo que ela já havia quebrado alguns copos, sujado a parede de tinta e até chegou a manchar o sofá, porém nada que fizessem seus pais ficarem muito preocupados.
Ela se considerava adulta, esperta e até inteligente em algumas matérias, amava música, essas músicas que todos os adolescentes gostam, nada fora do normal. Ligava-se em moda e eletrônicos estava sempre conectada no twitter, lendo as novidades dos cantores preferidos e dos amigos era cuidadosa em postar mensagens, e esse cuidado vinha dos conselhos insistentes da sua mãe em relação à internet. Muita coisa ela sonhava em ter, outras os seus pais compravam para presentear a filha dedicada e por muitas vezes, mimada.
Os sonhos dessa garota de 17 anos eram grandiosos, altruísta desde pequena, ela queria ir à África, trabalhar em um orfanato, sempre se ligou em trabalhos voluntários, além disso, gostava de ler e escrevia algumas coisas, mas nunca teve coragem de mostrar a alguém.
Naquele dia, o primeiro dia de aula, quando chegou a casa, largou suas coisas em cima da cama e foi se trocar, tirou o uniforme, jogou-o sobre a cadeira próxima a mesa do computador, jogou os tênis debaixo da cama e o relógio na mesa.
“Vou escrever para a Juliana, começar a fazer amigos neh!” falou para si mesma enquanto ligava o computador. Abriu a caixa de e-mail, olhou para saber se tinha uma mensagem nova, mas nada. “Nossa, ninguém me escreveu da outra escola”, fez um bico, franziu a testa e se levantou para fazer algo para comer. Indo em direção a cozinha ela pegou o seu celular e tuitou uma mensagem: Primeiro dia de aula na escola #estudar. Conheci uma amiga a Juliana.
Na cozinha tinha a comida que a mãe havia feito no jantar, esquentou, pegou um pouco de suco na geladeira e foi comer em frente ao computador. Comia, e escrevia um e-mail para a Juliana.
“Oi Juliana, Tudo bem?
Gostei de te conhecer hoje, fez toda a diferença. Ser aluna nova não é fácil.
Obrigada pela atenção.
Eu gostaria, se você tiver é claro, do e-mail e do MSN do Daniel. Achei ele legal.
Abraço,
Maria”
Assim que terminou de comer e escrever, já foi se concentrar nos estudos, já tinha trabalho pra fazer, coisas novas para estudar e ainda tinha que correr atrás do prejuízo até porque o pessoal do colégio “Estudar” estava bem mais adiantado do que ela.
A intenção do coração deve ser correta
A intenção do coração deve ser correta
Pedido de desculpa?
A primeira semana de aula da Maria na nova escola caminhou bem. Juliana manteve a rotina: computador, estudos, irmão mais novo e TV. Daniel continuava de castigo, algumas brigas, estudo e mandando e-mail para Maria. E ela estudando e sonhando com a viagem. E precisava estudar muito, pois chegou na escola bem na semana de provas, no final do primeiro bimestre, estava bem perdida, mas Juliana a ajudou muito.
Na sexta-feira o clima na escola estava descontraído, nenhuma prova e os alunos estavam combinando de ir ao Shopping, tomar um lanche ou dar uma volta, ou assistir um filme. Todos estavam bem empolgados, até convidaram alguns professores para saírem juntos.
Daniel era o mais animado para sair na sexta-feira à noite, mas sabia que teria que enfrentar o Pai para sair do castigo, ele iria apelar para a mãe, era uma saída. Ele queria ficar o tempo necessário para se divertir e é claro, conversar com a aluna nova. Já a Juliana não poderia voltar tarde pra casa, pois no sábado de manhã tinha um compromisso com alguns amigos da igreja, eles iriam apresentar uma peça de teatro na praça. Ela convidou a turma toda para assistir, uns falaram que tinham outra programação, outros disseram que não sabiam se iriam e outros confirmaram presença.
Maria estava alegre, pois essa seria a oportunidade de conhecer os colegas da classe fora da escola, ela poderia fazer novas amizades e se enturmar mais com a galera da sala de aula. Combinaram às sete horas na entrada principal do shopping.
Na frente da escola tinha algumas meninas combinando o que iriam usar, outras falando sobre os paqueras atuais e outros tentando arrumar carona para irem e voltarem do shopping, pois sem carona não teria negociação com os pais.
É claro, sempre tem aqueles que não podem por diversos motivos, “ minha mãe não deixa” , “ não posso, tenho que estudar”, “estou sem grana” e assim vai. Mas parecia que dessa vez todos estavam bem empolgados e vamos dizer que 90% dos alunos do 2º ano do colégio Estudar estariam no shopping.
Para Daniel essa seria a chance dele conversar com Maria, para Juliana uma ótima oportunidade de se aproximar de alguns e falar sobre seu maior tesouro, para Maria o lugar certo para fazer novas amizades.
Esses três tinham motivos para sair sexta-feira à noite.
Daniel foi para casa e em todo o caminho veio pensando como falaria com o pai, almoçou primeiro e depois arriscou uma conversa. Além do shopping sexta, no sábado iria ter o aniversário da Ana e o pessoal iria aproveitar para comemorar. A situação não era nada boa para ele, mas tinha que arriscar. Então foi conversar com o pai na esperança de conseguir uma concessão ao castigo.
- Pai. Chamou-o meio desconfiado, até porque tinha ficado a semana toda sem conversar diretamente com ele, as poucas palavras que trocaram foram tudo bem, oi e mais nada.
- Fala Daniel. O pai estranhou a aproximação do filho e esperou para saber o que ele queria.
- É... é que... Daniel não sabia como começar, estava com medo.
- Fala logo Daniel. Respondendo de forma irritada.
A mãe do Daniel, Ana Maria, estava na cozinha preparando um lanche para a família e ouvindo a conversa do filho com o pai.
- É que eu queria pedir desculpas por aquele dia, da maneira como eu falei com você e tudo mais, eu estava pensando em outra coisa, me alterei um pouco. Falou meio sem graça, até porque ele sabia que iria pedir outra coisa em seguida e não sabia como o pai iria reagir ao pedido de desculpa, depois que soubesse que ele queria sair à noite.
- Está perdoado. Houve uma pequena pausa. Daniel ficou feliz, já estava quase saindo quando o pai começou falar novamente.
- Mas está na hora de mudar algumas coisas em casa. Daniel olhou para o pai, pensando o que deveria mudar e até sentou na poltrona perto da cadeira dele.
Ana Maria saiu da cozinha enxugando as mãos em um guardanapo de pano e foi ouvir as mudanças que seriam propostas pelo Miguel.
- É o seguinte Daniel, a partir da próxima semana você vai ajudar na igreja, vai ajudar a concertar as coisas por lá, fazer serviço de banco, limpar e outras coisas que aparecerem por lá, você já vai fazer 17 anos e já está na hora de ter mais responsabilidades. Ele falava olhando para os papéis que estavam sobre a mesa.
- Mas, eu tenho que estudar pai. Contestou e ao mesmo tempo olhou para a mãe que estava em pé sem dizer uma palavra.
- Você vai trabalhar três vezes por semana e 3 horas por dia, não vai atrapalhar os seus estudos e dessa forma vou começar a te dar uma mesada. Pr. Miguel estava tranqüilo e já tinha planejado isso com a esposa que aprovou a idéia.
- Mesada! Isso animou ao Daniel, pois sempre que precisa de dinheiro tinha que pedir ao pai e a conversa era longa.
Fez-se dois minutos de silêncio, até que o pai falou - Concorda? Daniel pensou o que poderia responder, ele queria muito sair à noite e sabia que se estragasse alguma coisa seus planos iriam desabar e respondeu.
- Tudo bem, eu aceito. Como se estivesse resolvendo a sua vida naquele momento.
- Que bom, começa na segunda-feira. Afirmou o pai que continuou olhando para os papeis.
Daniel continuou sentando na poltrona ao lado do pai, por mais dois minutos, até que o pai se virou e perguntou:
- Tudo bem? Quer falar mais alguma coisa?
- Não, quero dizer, quero. É que todos da sala vão ao shopping hoje...
O pai começou a entender o pedido de desculpas...
- E eu queria saber, se é possível, assim, se não tiver problemas, de sair do castigo e ir lá hoje?
O pai ficou olhando para o Daniel e muito decepcionado, tirou os óculos, olhou bem para o filho, abaixou a cabeça, inspirou o ar profundamente, depois se levantou, foi até a cozinha, passou pela esposa, olhou para ela incrédulo e pegou um pouco de água, voltou e olhou para o filho que estava ansioso por uma resposta.
- Por alguns minutos eu fiquei orgulhoso de você, pensei que estava fazendo a coisa certa, mas não...
- Não, pai eu...
- Não me interrompa, só escute... O Senhor Miguel falou baixo e devagar e seu rosto ficou vermelho.
Daniel percebeu que havia estragado tudo, ele ficou pensando na turma, no cinema, no lanche e na Maria. Tinha prometido para todos que iria, até tirou sarro daqueles que falaram que não iriam porque os pais não deixariam e agora não iria pelo mesmo motivo.
- ... você está de castigo Daniel, e você não escutou nada do que eu falei. O pai suspirou e falou uma última frase.
- Espero que você aprenda que pedir perdão não é pedir favor, é um arrependimento genuíno, verdadeiro e não somente para conseguir algo em troca. Terminou, e não falou mais nada, ficou olhando para o Daniel esperando alguma reação.
Daniel se levantou olhou para o pai com raiva, depois para a mãe que ao se calar estava concordando com tudo e sem dizer nada foi para o quarto, bateu a porta o mais forte que podia e ficou lá, mudo, até sua mãe chegar. Depois de meia hora a mãe de Daniel foi até o quarto para conversar com ele.
- Daniel. A mãe o chamou.
- Oi mãe. Abrindo a porta para ela entrar.
Ela entrou, deu uma olhada no quarto. – Precisamos arrumar essa bagunça, Daniel.
- Mãe, a senhora não veio aqui para falar da minha bagunça!
- Também. Não estou falando somente da bagunça do seu quarto Daniel, mas da bagunça da sua vida. O que está acontecendo? Você está brincando com Deus, com seu pai. Estou ficando...
- Mãe, chega! Se quiser me ouvir e me ajudar, tudo bem. Agora, se você veio para me aplicar um bonito sermão, sobre Deus, e etc. Não quero ouvir. Já tenho os meus problemas que são muitos. E pelo o que percebi você já sabia do plano do papai, pois se não soubesse teria falado alguma coisa na sala.
- Muitos problemas... ela balançou a cabeça, ela sabia que era hora de deixá-lo sozinho e saiu do quarto.
Daniel ficou muito mal, nunca tinha falado assim com sua mãe, sabia que ela era uma pessoa sensata que sempre ouvia suas reclamações, mas dessa vez ela estava do lado do pai. Na verdade Daniel não conseguia ver os erros sucessivos que vinha cometendo ultimamente, ele se defendia o tempo todo e queria alguém do lado dele para apoiá-los nas decisões.
No quarto ele ficou um tempão ouvindo música pelo MP3, depois foi para frente do computador, havia vários e-mails falando do passeio ao shopping, mas ele não queria ler nenhum deles. A única coisa que conseguiu escrever foi um twitter: que droga de vida.
Durante a semana tinha conversado bastante com a Maria por e-mail, ele falou sobre os colegas de classe, ela disse como era a escola onde estudava, ele contou sobre seus pais, mas omitiu a informação de que ele era pastor e ela contou sobre sua família.
Uma das informações sobre a família de Daniel deixou Maria muito interessada, a irmã de Daniel estava nos Estados Unidos, estudando. Mas como esperado, não disse o que ela estava estudando.
A irmã de Daniel, Mariana, estava estudando teologia, ela tinha aulas de dança, música e estudava muito a bíblia. Daniel sabia que a irmã tinha um dom para as artes. O irmão de Daniel era casado e então falou pouco sobre ele para Maria.
Depois da desastrosa conversa com seu pai, e de conseguir ver os e-mails, percebeu que tinha recebido um e-mail da Maria e de mais 5 meninas que queriam conversar com ele e estavam perguntando se poderiam ter um tempo de bate-papo no shopping. Mas ele não respondeu nenhum.
Não perca as oportunidades
Não perca as oportunidades
Shopping
Juliana foi a primeira a chegar ao ponto de encontro. Ficou lá uns cinco minutos e logo começou a chegar os colegas da sala. A Bruna, a Camila, o João, o Cláudio, o Jonas, a Bia, o Léo, a Janaina, o Lucas e a Ana, esta estava organizando uma comemoração no sábado à noite em uma pizzaria para o aniversário dela.
Depois de 20 minutos esperando, todos que tinham combinado estavam ali, menos o Daniel.
- Alguém sabe do Daniel? Perguntou a Juliana.
O pessoal olhou para ela, não sabiam responder. Ninguém sabia dele. Tentaram ligar no seu celular, mas ninguém atendia. Então a Juliana resolveu ligar na casa dele.
- Alô! Quem fala?
- Ana Maria.
- Oi dona Ana Maria, é a Juliana, tudo bem?
- Oi, Juliana, tudo bem e você como está?
- Eu estou bem. Obrigada. Eu gostaria de saber se o Daniel está aí.
- Ele está sim, Juliana, vou chamá-lo. Ela deixa o telefone sobre a mesa na sala e vai até o quarto chamar o Daniel. Ele já tinha ouvido o telefone e quando a mãe chegou para falar que a Juliana queria falar com ele, foi pronto em dizer.
- Não quero falar com ninguém.
Ana voltou para o telefone e disse a Juliana que o Daniel não queria conversar. Juliana perguntou se ele não iria ao Shopping e ela respondeu que não, pois ele estava de castigo.
Juliana desligou o telefone olhou para turma e disse que o Daniel não viria, todos perguntaram o porquê, mas ela não falou nada, só disse que a mãe dele tinha atendido ao telefone e respondeu falando que o Daniel não viria ao Shopping.
Maria olhou para Juliana e percebeu que tinha algo errado, mas não quis perguntar na frente de todo mundo. Ela ficou triste, pois viu como Daniel tinha ficado animado com esse passeio e também porque poderia conversar mais com ele. Quando estavam indo para a fila do cinema comprar ingressos Maria ouviu duas meninas da sala conversando.
- Que chato! Eu vim aqui hoje só por causa do Daniel, tinha até enviado um e-mail pra ele, pra gente conversar.
- Hum! Chato mesmo né amiga.
- Ele é um gatinho neh!
- É verdade ele é muito bonito! Eu já te falei que eu fiquei com ele na festa...
- Maria.
- Oi.
- Você não vai comprar? Pergunta Juliana.
- Vou sim, desculpa. Enquanto pegava o dinheiro para pagar a entrada ao cinema, ficou pensando na conversa, “então Daniel tinha um encontro com outra menina”, pensou. Ela não entendeu, ou melhor, entendeu sim. Todos aqueles e-mails durante a semana. Como ela não percebeu que ele era famoso entre as meninas.
Depois de comprarem os ingressos foram para a fila que estava se formando para entrar na sala onde iria passar o filme. Enquanto esperavam Juliana começou a falar com Bruna sobre a peça de teatro que ela e os adolescentes da igreja iriam apresentar no sábado. Bruna parecia estar interessada em assistir a peça.
- Maria, você não quer ir amanhã assistir também?
- Oi?
- Hoje você está longe, hein... ri Juliana.
Maria dá risada e fala – Parece que estou mesmo, Mas o que você falou?
- Perguntei se você não quer assistir a peça de teatro amanhã.
- Que peça?
- Você não me ouviu falando para o pessoal da sala?
- Acho que não.
- Então, vou apresentar uma peça de teatro amanhã na praça perto da rua Tavares, vai ser muito legal. Vai lá assistir.
- Acho que eu vou, não tenho nada pra fazer amanhã. Que horas?
- Às 11 horas da manhã. Depois nós vamos almoçar juntas.
- Ah, gostei, eu vou sim.
Eles começaram a entrar para a sala, entregaram os ingressos, as duas foram conversando e a Bruna estava por perto, e tão logo encontraram um lugar legal para se sentarem a Maria perguntou.
- Você faz teatro?
- Faço sim, e eu gosto muito. Responde Juliana toda feliz.
- Que legal! Deve ser por isso que você é toda descontraída e descolada.
Juliana da risada. Maria iria fazer outra pergunta, queria saber onde ela fazia teatro, mas não deu tempo, o filme iria começar. Todos se acomodaram, alguns deram gritinhos, outros riram, mas rapidamente todos estavam quietos para assistir ao filme.
Depois do filme o destino era comer um lanche, estavam todos com muita fome. Juliana se despediu de todos, falou que estaria esperando eles no outro dia para assistirem a peça de teatro e disse que iria comer em casa.
Maria deu um abraço nela e falou que estaria lá para assistir a encenação. Depois que Juliana foi embora Maria conseguiu conversar com quase todos, foi um momento gostoso, ela soube um pouquinho da vida de cada um e falou sobre ela também. Todos ficaram entusiasmados quando ela falou que estava planejando uma viagem.
E ela contava com brilho nos olhos, os detalhes, por onde gostaria de passar, o que gostaria de fazer em cada lugar. Falou do acordo com seu pai sobre passar no vestibular e que já conhecia várias pessoas nos lugares aonde queria ir, ela disse que conversava com o pessoal da “Europa” pelo skype, MSN, e-mail e muitos ela havia adicionado no Twitter. Nesse momento trocaram link do facebook, twitter, e-mail e MSN. Toda aquela galera escrevendo sem parar nos celulares as informações que estavam recebendo e logo a Bruna viu que o Daniel havia tuitado e pelo jeito ele não estava legal.
Depois do lanche alguns casais se formaram e foram dar um passeio pelo shopping, e ficaram na mesa conversando a Maria, o Jonas, a Bia, o Léo e a Janaina. Ela descobriu que o Jonas ama tocar bateria, que a Bia adora falar e falar e falar e parece que a história dela não tem fim; a Janaína era mais quieta, mas muito amável e as duas conversaram bastante, pois a Janaína também tinha um sonho ela queria ser cantora, ela tocava violão, teclado, e tinha uma voz linda, deu até uma amostra para a galera que estava na mesa.
Descobriu, também, algumas coisas sobre o Léo, ela o achou muito bonito e simpático, porém não gostava de falar sobre si mesmo, ele conseguia conversar sobre tudo, conversou com a Maria sobre a viagem, os lugares que ela queria conhecer, se entendeu muito bem com a Janaína e deu dicas de músicas e músicos para ela ouvir. E ficou por muito tempo ouvindo as histórias da Bia até tentou manter um diálogo, mas foi em vão.
O que Maria achou estranho foi que apesar da longa conversa com o Léo, não ficou sabendo sobre nada, ele não contou nada sobre a vida dele. Onde mora, o que faz, do que gosta. Mas achou ele legal!
Salvação!?
Salvação!?
A decisão mais importante
Cinco horas da manhã o despertador tocou no quarto da Juliana e ela já estava acordada ansiosa com a apresentação. No último ano havia se acostumado a se ajoelhar ao lado de sua cama assim que despertava para agradecer a Deus por aquele dia e pedir que o abençoasse. Com bastante ansiedade pediu as bênçãos Dele e proteção, pediu a Deus que os seus amigos pudessem ir à praça para assistir a peça e para que eles tomassem a decisão. Seu coração batia forte e acelerado, havia um misto de medo e alegria.
No dia anterior tinha combinado com sua mãe para levá-la até a igreja, ela precisa estar lá às 6 horas. Assim que se levantou foi direto para o banheiro e às 5:30 já estava pronta, sua mãe estranhou tamanho entusiasmo da filha e como ela estava feliz, mesmo acordando as 5 horas da manhã. Elas tomaram café e Juliana mal conseguia engolir os pedaços de pão que levava a boca, d. Mirian achou tudo muito diferente, mas estava animada com a alegria da filha. Sem demorar as duas estavam no carro. Juliana estava com pressa.
No carro a mãe de Juliana perguntou:
- Do que fala a peça que vocês vão apresentar?
Sem saber direito o que falar ela responde - De Jesus.
Há um tempo de silêncio, quando a mãe voltou a perguntar novamente.
- Você gosta de ir a essa igreja?
- Gosto muito mãe e, se você não ficar brava, poderia te pedir uma coisa?
- Claro que pode.
- Vá assistir à peça. Vai começar às 11 horas, e eu ficaria muito feliz se você, o pai e o Bruno pudessem ir. Juliana terminou de falar e estava esperando um não quando se surpreendeu com a resposta da mãe.
- É claro que nós vamos estávamos esperando você nos convidar.
- Sério!?
- Eh!
- Que legal! Foi a única coisa que conseguiu responder, pois ficou sem reação com a resposta.
Como por impulso, ela abraçou a mãe com muita alegria e lhe deu um beijo.
- Então até as 11.
Saiu do carro e entrou na igreja dando um aceno de despedida para sua mãe.
Juliana precisou chegar mais cedo na igreja para ensaiar, arrumar as roupas, fazer maquiagem e levar todos os equipamentos para a praça. E também tiveram um tempo de oração pelo evento que estavam organizando e para que as pessoas que vissem pudessem sentir o amor de Jesus por elas. Depois da oração Juliana tuitou “Estou muito feliz, Deus é maravilhoso!”
Um lugar que eu quero estar!
Um lugar que eu quero estar!
Apresentação
Às 11h30min a apresentação começou, todo o grupo estava ansioso e com medo de errarem alguma coisa, tinha uma boa platéia na praça, todos olhavam atentos a cada gesto, cada fala. Tudo era simples e ao mesmo tempo impactante. Alguns pararam o carro para verem o que estava acontecendo. Outros olhavam curiosos e logo iam embora, e algumas pessoas que andavam pela praça pararam para ver a peça até o final.
Os pais da Juliana estavam assistindo, Maria também, e, mais alguns colegas da sala. Em alguns momentos eles choravam, em outros riam, mas eles estavam pensando, refletindo sobre o dia-a-dia da vida deles, o que eles estavam fazendo com ela, e qual era o propósito de tudo isso. Maria pensava na sua casa, o quanto ela ficava sozinha e não tinha alguém para aconselhá-la ou ajudá-la em coisas pequenas do dia-a-dia.
Todos eles estavam procurando resposta, uma identidade, um caminho para seguir, mas não queriam uma vida qualquer, como todo mundo, eram adolescentes que desejavam ousar, mudar, mas não sabiam como. E as falas do teatro estavam tocando o coração, pois respondiam algumas perguntas que eles já tinham feito para si mesmos, mas não ousavam comentar com ninguém.
O pai de Juliana estava encantado em saber que a filha fazia parte de tudo aquilo e a olhava falando palavras tão bonitas e fortes e começou a entender porque havia mudado tanto, estava mais atenciosa com eles, já não discutia e nem se rebelava quando ouvia um não.
Já a mãe de Juliana não conseguia entender porque a filha demorou tanto para convidá-la a estar com pessoas tão maravilhosas e para ouvir palavras tão lindas e emocionantes. Ela queria abraçar a filha e agradecê-la por tudo aquilo e dizer que estava muito orgulhosa.
Seu irmão estava achando estranho, em alguns momentos achava legal, pois ria das palhaçadas, mas em outros tinha medo e teve momentos que pensou: “A Juliana esta falando tudo isso, mas vive brigando comigo?”. Até que ele encontrou outro menino que tinha a sua idade e foi brincar. Os pais nem perceberam a ausência dele.
E a Maria olhava tudo aquilo e sentia algo especial e estranho, muita coisa ela não entendia, mas estava gostando de tudo e muito emocionada, uma amiga da escola que também estava assistindo a peça estava inquieta e as duas estavam chorando.
Ao final da peça uma pessoa do grupo de teatro pegou o microfone e falou:
- Nós não somos atores, mas estamos representando isso para que vocês vejam e ouçam a palavra de Deus e entendam como é importante, ou melhor, essencial, termos Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador. Fomos criados para sermos eternos, porém o pecado nos separou de Deus e a morte começou a fazer parte da humanidade. Deus trabalhou de todas as formas com várias pessoas ao longo dos anos para restaurar o relacionamento do homem com Ele.
Mas foi necessário enviar seu filho amado para viver no nosso meio e morrer no nosso lugar, Jesus não tinha pecado, mas morreu por mim e por você e hoje nós podemos ter livre acesso a presença de Deus.
Na bíblia fala que se confessarmos com nossa boca que Jesus morreu para nos salvar, que somos pecadores e nos arrependermos, teremos a vida eterna e uma vida abundante aqui na terra.
Se você foi tocado por essa peça é porque o Espírito Santo de Deus está agindo na sua vida, então gostaria de saber quem quer aceitar Jesus como seu Senhor e Salvador?
Uma pequena multidão de pessoas levantou as mãos e estavam chorando tocadas pela peça e pelas palavras, algumas pessoas da igreja que estavam ali propositalmente para esse momento iam até elas para orarem, no meio da multidão estavam os pais da Juliana, quando ela os viu saiu correndo até eles e chorando os abraçou e explicou o plano da salvação e orou com eles.
Pâmela pode perceber que perto dos pais da Juliana tinha duas meninas chorando e olhavam para eles como quem pedia para ser ouvida, ela foi até elas perguntou o nome e soube que eram amigas da escola onde Juliana estudava.
Então ela perguntou se elas tinham alguma dúvida, elas ficaram sem jeito, não sabiam o que perguntas e mais uma vez a Pamela perguntou: vocês querem que eu ore por vocês? Elas balançaram a cabeça dizendo que sim, e as lágrimas corriam pelo rosto. Enquanto Juliana orava com os pais, Pâmela orava com as amiga dela. Realmente as pessoas estavam emocionadas, muitas era só um sentimento, mas em outras havia despertado algo que até então não sabiam que existia.
Quando alguém toma uma decisão importante que será marcada por toda a vida e pela eternidade é inexplicável, mas decidir servir a Jesus e declará-lo como Senhor e Salvador é vital, é como pensar em alguém que estava em coma por algum tempo e volta a falar e andar, e agir por si próprio. É vida!
Logo depois, Juliana pôde abraçar a Maria e a Bia, elas estavam felizes, mas ao mesmo tempo com várias dúvidas sobre a peça e até de algumas palavras que foram declaradas, principalmente pela própria Juliana. Ela, então, apresentou as amigas da escola para os pais que as convidaram para almoçar juntos. Juliana pediu para se retirar, pois queria se despedir dos amigos que tinham trabalhado com ela na peça.
- Oi, Pâmela. Elas se abraçaram, Juliana estava chorando. Você viu que lindo, meus pais vieram assistir a peça e tomaram uma decisão muito importante. Eu não estou conseguindo me conter de tanta emoção.
- Glória a Deus, Ju! Também fiquei muito feliz, e suas amigas também se decidiram em servir a Jesus.
- Sério!? Nossa, quanta alegria. Valeu a pena toda oração, jejum, nossos ensaios. Estou muito feliz! Não esperava por tudo isso.
Pâmela sorriu e abraçando a Juliana novamente disse:
- Agora, Ju, você precisa convidar seus pais e as suas amigas para estudarem a bíblia, vir à igreja, pois é um tempo novo na vida deles. Eles precisam de ajuda, estar próximos de outras pessoas que também decidiram buscar a presença do Pai por meio de Jesus. Senão as coisas começam a esfriar e tudo o que sentiram, viveram e decidiram hoje vai se perdendo e indo embora com o tempo.
Juliana olhou para ela assustada, não queria que o que havia acontecido se perdesse e se afastando um pouco, disse: – Eu vou fazer isso! Mas preciso da sua ajuda.
- Pode contar comigo!
Elas se despediram e Juliana foi almoçar com os pais e suas amigas. Mas antes tiveram que procurar o Bruno, não o encontrava em nenhum lugar. Ele estava brincando com um amigo, correndo pela praça. Depois de ouvir uma pequena bronca da mãe, do pai, da Ju, ele entrou no carro emburrado, até porque teve que sentar no colo da Juliana, pois as amigas dela iriam almoçar junto com eles.
Durante o almoço, muita conversa, perguntas, novidades. Os pais da Juliana gostaram muito das amigas dela, e as meninas amaram os pais dela. Bruno ainda estava emburrado, comendo bem devagar, mas eles conversavam tanto que não pegaram no pé dele durante o almoço.
Uma nova vida invadiu meu coração
Uma nova vida invadiu meu coração
Domingo
Cinco horas da tarde e uma correria, a família Lima não tinha o costume de sair no domingo à tarde, mas aquele dia foi atípico, todos iriam à igreja. Juliana estava muito feliz, os pais apreensivos, pois não sabiam o que poderiam encontrar por lá, e ainda teriam que buscar a Maria na casa dela. A Bia não poderia ir, seus pais não deixaram.
- Vamos mãe, nós estamos atrasados, não podemos chegar tarde é muito chato.
- Calma Juliana, eu estou terminando de arrumar seu irmão.
Depois de toda correria, chegaram à igreja, eles foram recebidos muito bem, algumas pessoas vieram conversar com eles e em pouco tempo a família Lima estava mais a vontade na igreja.
Aquele dia o pastor ministrou sobre a “Grande Comissão”
- “Nós nos tornamos sacerdotes diante do Senhor, quando aceitamos Jesus, para anunciar as boas novas. O objetivo de estarmos aqui é de transmitir a glória de Deus às pessoas. O propósito de Deus é que sejamos luz no mundo e sal na terra.”
Juliana ouvia as palavras e estava pensando, por que luz e sal? Por que tenho que transmitir a glória de Deus? Mas outra coisa chamou sua atenção na ministração:
- “Mateus 28:18-20 nos ensina que devemos ir pregar o evangelho por todo o mundo. Temos que anunciar o evangelho na escola, no trabalho, no shopping, na academia. Em todo o tempo, em todo lugar, em qualquer situação pregai o evangelho”
Desde que conheceu a Jesus Cristo, Juliana sempre teve o desejo de falar do amor de Jesus e de contar como havia sido transformada para todas as pessoas que ela gostava, mas falar dessa mudança e desse novo amigo para outras pessoas, em todo lugar ainda não tinha passado pela cabeça dela.
Porém, não conseguia entender, como ela poderia ser luz e sal no mundo. Preciso falar com a Pâmela. Pensou.
No final do culto os pais de Juliana estavam emocionados, a Maria tinha feito algumas perguntas no decorrer da palavra, mas muitas a Juliana não conseguia responder, prometeu que enviaria um e-mail para ela explicando tudo.
Elas ficaram conversando, Maria falou que foi muito bom ter ido à igreja com ela e disse que estava feliz.
- Ju, muito obrigada por ter me convidado para assistir sua peça. Eu precisava de algo diferente pra mim.
- Eu fiquei muito feliz de te ver lá e de você ter vindo hoje conosco a igreja. Essa é a primeira vez dos meus pais também. Eu venho sozinha faz uns 7 meses.
- Como você começou a vir à igreja?
- Bom, é uma história legal, vou te contar. No ano passado, estava muito triste, pois em casa só havia brigas, minha mãe vivia falando que eu não conseguia fazer nada certo, eu e o meu irmão brigávamos o tempo todo. Eu queria sair com os meus amigos e os meus pais não deixavam, cheguei até a sair escondida uma noite, mas quando voltei meus pais estavam desesperados me esperando. Fiquei de castigo um mês.
- Nossa. Interrompeu Maria assustada.
- É, estava tudo chato, eu não conversava muito com meus pais, quando tentava era só briga. Mas eu comecei a conversar um dia com o Daniel...
- Daniel?! Os olhos da Maria brilharam ao ouvir o nome dele.
Juliana sabia que ela estava gostando dele e vice versa, sorriu e continuou a história.
- O Daniel é ... deixa pra lá... ele é legal e me ajudou muito. Ele me convidou para participar do devocional que acontece de quinta-feira no segundo intervalo na escola. Sabe qual eu estou falando?
- Ah, eu sei. A Bruna tinha me falado que é muito chato, que vocês ficam falando sobre o que pode fazer e o que não pode.
- Não Maria, não é bem assim. O devocional mudou a minha vida, quando o Daniel me convidou e falou que o pessoal orava, e estudava a bíblia, eu também achei muito estranho, e quis conferir para saber se era verdade. Até porque vindo do Daniel.
- Por que do Daniel?
- Ah Maria, acho que você já percebeu, ele é a atração na escola, convencido, fica com todas as meninas, e as meninas correm para os braços dele. E ele se acha o lindo. Juliana parou e viu que a face de Maria não era das melhores. – Me desculpa Maria, já percebi que gosta dele, mas o Daniel não é alguém pra gente gostar, só pra achar bonito.
Maria sorriu. – pode continuar a sua história, amiga.
- Bom, então eu fui com o Daniel para o devocional e naquele dia falaram exatamente sobre os problemas pelos quais eu estava passando com minha família e no final a professora que estava falando perguntou se alguém na sala gostaria de aceitar Jesus como Senhor e Salvador. A mesma oração que vocês fizeram ontem. Eu senti algo tão maravilhoso e disse para o Daniel que queria conhecer mais.
- E foi assim que você começou a freqüentar a igreja?
- Foi. O Daniel me convidou para ir à igreja no domingo, eu conversei em casa e meus pais deixaram, então os pais do Daniel foram me buscar. E eu amei esse lugar e não saí mais, tem uma pessoa que eu quero que você conheça.
Juliana pegou Maria pelo braço e a levou até a Pâmela.
- Oi Pam. Tudo bem?
- Oi Ju, eu estou bem e você.
- Tudo bem! Quero te apresentar minha amiga Maria.
- Eu a conheci, ontem, Ju.
- É verdade, você orou com ela.
Maria e Pâmela se abraçaram, e logo se despediram, pois Pâmela tinha que conversar com outras pessoas. Então, Maria perguntou:
- Ju, se o Daniel te trouxe para essa igreja, onde ele está?
- Hum... acho que ele não veio hoje...
- Por quê?
- O Daniel é cheio de problemas, ele é uma boa pessoa, mas vive se metendo em confusão, e os pais dele são rígidos. Ah o pai dele é aquele homem que ministrou a palavra hoje.
- O pai dele é o pastor? Maria ficou assustada em saber que o Daniel era filho de pastor.
- Isso mesmo! Juliana sorriu e completou. – Mas ele não gosta muito desse título.
- Que título?
- De filho de pastor!
As duas deram risada e os pais da Juliana as chamaram para irem embora. Deixaram Maria em casa e depois tomaram um lanche. Quando chegaram em casa, Bruno foi para o quarto e os pais da Juliana foram conversar um pouco com ela.
Perdoar é algo sublime e eterno!
A conversa
- Filha, eu e o seu pai queremos conversar com você.
- Sim, mãe. O que vocês querem falar?
Eles se sentaram no sofá da sala, os pais de Juliana sentaram juntos na poltrona maior e Juliana logo a frente deles na menor. Ela olhou para eles esperando para ouvir, até pensou que fosse alguma repreensão.
- Querida, nós ficamos muito felizes de você ter nos convidado para assistir sua peça, queríamos falar com você há algum tempo, mas não sabíamos como. Notamos uma mudança na sua vida e isso nos deixou muito felizes e ao mesmo tempo curiosos para saber o que teria provocado isso.
Juliana ficou assustada olhando para eles, ela sempre quis que os pais fossem a igreja com ela, mas não tinha idéia que eles queriam ir, ela tinha medo de convidá-los. Nesse momento o pai começou a falar.
- No início eu fiquei muito preocupado com você. Fiquei com medo também, pois ouvia os outros falarem que igreja evangélica fazia lavagem cerebral e só pedia dinheiro. Então fiquei observando pra saber se você levava dinheiro pra lá. Mas ao contrário você mudou bastante em casa e eu e sua mãe começamos a conversar sobre essa mudança e ficamos curiosos para conhecer o lugar onde você estava indo, todo o sábado e domingo.
O silêncio tomou conta do lugar, os olhos da Juliana se encheram de lágrimas, a mãe também estava chorando, por alguns segundos ficaram se olhando tentando entender aquele momento de diálogo que há muito tempo não existia entre eles. Foi a Juliana quem quebrou o silêncio.
- Vocês são muito especiais pra mim. Por muito tempo nós brigávamos muito, por isso quando comecei a ir à igreja pensei que vocês não iriam aprovar, por isso não os convidava para ir comigo. Até tentei algumas vezes. O meu medo era não ser aceita, ou vocês me proibirem de ir, essas coisas. Mas estou muito feliz! Muito feliz mesmo.
A mãe de Juliana estava chorando e o pai a abraçou e disse:
- Nós também estamos felizes, filha. Queremos ir à igreja com você todos os domingos, precisamos entender muita coisa, mas sei que com o tempo vamos aprender. E nós queremos nos desculpar.
- Desculpar. Juliana ficou pensando. Por quê?
Nesse momento a mãe começou a falar.
- Muitas vezes nós só brigávamos com você, gritávamos, pois estávamos perdidos com a mudança pela qual você estava passando. Nunca paramos para te ouvir, para conversar, como estamos fazendo hoje. Perdoa-nos filha, erramos. Mas erramos com a intenção de acertar, nós amamos muito você.
Foi inevitável segurar as lágrimas e aos prantos Juliana foi até os pais e os abraçou e disse que os amava muito e que ela também precisava pedir perdão, pois por muitas vezes mentiu pra eles. O pai também chorou e foi um momento maravilhoso e cheio de emoção. Mas o que moveu aquele momento e o fez único foi a presença de Jesus naquela família.
A partir desse dia muita coisa mudou na casa da Juliana, ela e os pais começaram a conversar mais, ainda havia algumas brigas. O irmão continuava pentelhando, mas Juliana começou a ter um pouquinho de paciência com ele. Porém de vez em quando ela gritava e ficava muito brava.
Na escola, algumas mudanças...
Precisa ser diferente para valer a pena viver
Mudanças
A casa estava estranha, faltava alguma coisa, olhou nos quartos, na cozinha e parou na sala, pelo vidro da janela conseguia ver uma árvore e entendeu que não faltavam coisas na casa dela. Era sua família que há muito tempo, sem querer, ela entendia, havia abandonado os sonhos.
Ela tinha vivido momentos extraordinários, naquele final de semana e agora estava em casa, sozinha como sempre procurando algo. Sabia que era hora de dormir, tinha definido em seus planos, na sua mente, na forma como entendia as coisas que se obedecesse e cumprisse com seus deveres conseguiria tudo o que desejava.
Compreendeu naquele momento que isso não bastava, queria muito conversar com os pais, mas com certeza estariam trabalhando ou com alguns amigos. Foi engraçado quando se deu conta, de que havia acontecido algo maravilhoso consigo, mas nem passaria pela cabeça dos seus pais. Eles nunca sabiam de nada novo que acontecia com ela.
Ainda estava em pé na sala quando alguém abriu a porta. Olhou rapidamente e se sentiu desconfortável, parecia que estava fazendo algo errado. Era sua mãe.
- Maria. Está tudo bem? Miriam perguntou assustada, geralmente esse horário ela estaria dormindo, o que estava fazendo ali na sala.
- Tudo bem, mãe. Por quê? Perguntou tentando parecer segura e para que a mãe entendesse que seria normal ela ficar na sala. Qual o problema? Só que ela estava com medo. Não conseguia sustentar um olhar por muito tempo, e sedia as pressões dos seus pais.
- Achei estranho te encontrar a essa hora acordada.
O olhar da mãe deixou Maria sem resposta, então foi para o quarto sem dizer nada.
Ela gostaria de voltar e contar tudo para a sua mãe, de falar o que estava sentindo e como sentia falta dela, até foi à porta ficou parada por uns instantes, ouviu a mãe arrumar algo para comer e ouviu o pai chegando mais tarde... foi para o quarto.
Ligou o computador e entrou no facebook, viu que tinha uma mensagem in box.
- Leo?
“Oi Maria, tudo bem? Eu sou o Leo, seu amigo de classe. Nós conversamos no shopping na semana passada. Me add, please. Bj”
Ela ficou interessada, o Leo era bonito, inteligente, tinha gostado de conversar com ele, mas ele também era muito fechado. Adicionou ele no face e respondeu a mensagem.
“Oi Leo, eu estou bem. Já te add. E você, como está? A gente se vê na escola. Bj”.
De manhã ao acordar estava tudo pronto, sua mãe ainda estava dormindo, seu pai já tinha saído para trabalhar e seu café estava lá, no mesmo lugar. Quem fazia o café para Maria era o seu pai que deixava na garrafa térmica para não esfriar, tinha dois pães, ela sempre comia metade de um e sabia que sua mãe comeria o outro.
Naquele dia teve coragem de escrever um bilhete para sua mãe.
“Bom dia!
Sei que você trabalha muito, mas gostaria de um tempinho com você e com o papai, faz quase um ano que não saímos juntos.
Estou com saudades.
Beijos,
Sua filha”
Ela foi até a frente do condomínio esperar a condução que a levava para escola e foi sorrindo, feliz consigo mesma por ter escrito um bilhete para sua mãe. Quando chegou a escola a primeira pessoa que ela viu foi a Juliana que por sinal estava com um sorriso radiante, até parecia que estava a frente do colégio esperando-a chegar.
- Como você está?
- Poderia falar oi, primeiro...
- Oi Maria. Tudo bem? Juliana falou com um tom de deboche.
Maria fez uma careta como alguém que não gostou muito do que ouviu e sorriu para a amiga.
- Eu estou bem.
- Só, está bem. E o que aconteceu esse final de semana, não vai me contar como foi na sua casa...
Maria ficou triste, chateada. Juliana entendeu tudo, ela também não conseguia conversar com os pais. Ela explicou que com ela foi assim também e contou sobre a conversa com eles no domingo a noite, como foi bom e que estava feliz.
- Como eu gostaria de conversar mais com meus pais, ou melhor, conversar pelo menos um pouco com eles. Estão sempre ocupados, trabalhando. Só conversamos quando algo fica muito sério, para resolver alguma coisa, geralmente comigo.
- Não fica chateada Maria, aos poucos tudo vai mudar.
Maria sorriu e disse que já estava mudando, pelo menos com ela, pois tinha conseguido deixar um bilhete para sua mãe. Juliana a abraçou toda eufórica e disse que ela mandou muito bem. E daí, tocou o sinal para entrarem na sala.
- Tenho algo para falar com você.
- O que é?
- O Léo me chamou no face.
- Sério?
- Pediu para eu adicionar ele, perguntou como eu estou...
- Hummm, ele é um gatinho. De todos os meninos da sala ele é o mais gato, e ainda mega inteligente, amiga.
- Ele é bonito mesmo, você precisa ver as fotos dele no face, uau.
- (risos) Eu quase nem entro no face. Arrasando corações hein. Cuidado para o Daniel não ficar com ciúmes.
- Vai sonhando.
A semana na escola foi agitada. Juliana e Maria conversaram bastante com a Bia, que também havia estado na praça assistindo a peça de teatro. Bia estava feliz com tudo o que tinha acontecido, disse que tinha conversado com seus pais sobre tudo que tinha visto e ouvido, a mãe ficou feliz, mas o pai não deu muita bola para o assunto. A Bia sempre foi muito engajada em obras sociais, atenta as necessidades das pessoas, e em relação a esse assunto muito discreta, ela gosta muito de conversar, falava sobre filmes, sobre as pessoas, era direta. Ela já frequentava uma igreja, e cuidava para não decepcionar o seu pai que era muito tradicional. Ela gostou muito da peça, da maneira como apresentaram, da alegria das pessoas, mas apesar de estar animada não estava tão firme e convicta de estar junto com a turma da Juliana quanto a Maria. Ela pensa diferente.
As três começaram a ficar juntas no intervalo, conversavam bastante e a Bia tentava trazer a Bruna para perto, mas ela não estava gostando da idéia de ficar perto da Maria e muito menos da Juliana que “bancava uma certinha”, ela tinha outros planos.
Daniel ficou distante o tempo todo, quieto, mal cumprimentava, os meninos brincavam com ele, mas ele não ligava. “Não tava a fim de brincadeira”, era o que ele respondia para os seus colegas que estavam acostumados e “zoar” com a fama de “pegador” dele. Por muitas vezes Maria olhava para ele, só que era outro olhar, de dúvidas e decepções, estava decepcionada com a conversa que tinha ouvido no shopping, quando estavam entrando no cinema e suas dúvidas eram, se ele ia à igreja, era filho de pastor, por que não era igual a Juliana.
E o Léo estava tentando se aproximar da Maria, sentou-se ao lado dela na sala, perguntou sobre algumas matérias e até arriscava algumas brincadeiras. O Léo aproveitou a distancia do Daniel para falar que não ia muito com a cara dele e que achava ele falso, pois ia a igreja e aprontava muito.
Maria começou a ver o Daniel como um mau caráter. Um hipócrita!
Na verdade Daniel estava passando por uma avalanche de sentimentos confusos e também estava com dúvidas. Ficou sabendo pela mãe que Maria tinha ido à igreja e ficou aliviado por não ter ido aquele dia. Tinha que conversar com alguém, só não sabia quem.
Mas foi Maria quem deu a idéia para Juliana se aproximar do Daniel, apesar da recusa, mas com a insistência de Maria. Ela foi.
- Oi Dani! Aproximou-se dele, sentou-se ao seu lado.
- O que você quer Juliana? Algum recado? Ele nem olhou para ela.
- Não Dani. Nenhum recado. Eu quero saber por que você está assim? O que está acontecendo? Falou rápido e brava, já se arrependendo de ter ido conversar com ele.
Ele ficou em silêncio, não olhou para ela, fitava qualquer coisa no chão. Ela ainda ficou algum tempo ali. Até porque, já que tinha ido até lá, não iria desistir facilmente. Então quebrou o silêncio.
- Eu vou embora Dani, eu sei o que aconteceu com você esse final de semana, sei que ficou de castigo, e por isso não foi ao shopping, fique tranqüilo não contei a ninguém. Gostaria de te ajudar, assim como você me ajudou, mas se não quer conversar, eu não vou insistir. Quando precisar sabe que pode contar comigo.
Ela estava se levantando para ir embora.
- Ju, fica aqui mais um pouco. Disse com uma voz rouca e pausadamente.
Ela voltou se sentou ao lado dele e ficou esperando.
- A Bruna mandou recado falando que quer ficar comigo...
- Eu tenho certeza que não é isso que esta te deixando preocupado e insuportável, você vai falar sério ou não?
Ele deu risada.
- Não, não é, até porque problemas com meninas lindas, eu nunca tive. Falou dando risada e debochando da Juliana. Voltou a ser o Daniel de sempre.
- Dani, você vai falar algo sério ou não. Ela já estava impaciente.
- Até gostaria Ju, mas agora não tem como. Podemos conversar depois da aula, você vai ficar aqui na escola?
- Não iria, mas...
- Mas então você vai ficar, por favor, preciso conversar.
- Esta bem. Ela deu um beijinho nele e foi para a sala. Maria já estava lá e quando a amiga entrou a encarou com um olhar de interrogação, mas logo atrás dela entrava o Daniel.
Em todas as aulas o Daniel estava compenetrado, ouvindo tudo, tirando dúvidas. O pessoal da sala não agüentou e começou a tirar sarro.
- O que aconteceu com você??? Virou nerd?
Ele rebatia as brincadeiras.
- Só estou tirando dúvidas, quero aprender, qual é o problema?
A sala deu risada e o professor continuou com as explicações.
Desabafo
No final da aula o tumulto de sempre, os alunos conversando, professores apressados, os pais se aglomerando em frente ao colégio para buscar os filhos, peruas esperando os alunos, mas algo estava diferente naquele dia, Daniel não estava no meio do “agito”, pelo contrário sentado sozinho no banco próximo à cantina esperando a Juliana, ele não estava a fim de conversar com os colegas. Mas logo perceberam que ele estava “de bobeira”. A Bruna foi se aproximando, sentou-se ao lado dele e puxou conversa.
- Oi Dani! O cumprimentou com um sorriso e com uma voz melosa.
- Oi Bru! Respondeu de forma seca e sem querer conversar ou dar alguma chance para um papo.
Ela percebeu que não conseguiria desencadear uma conversa, mas insistiu.
- Como você está gatinho? Está acontecendo alguma coisa? Ela chegou mais perto, colocou a mão sobre a perna dele e tentou olhá-lo nos olhos. Mas foi em vão.
- Nada! Respondeu virando o rosto e coçando a cabeça. Olhou para a direção de onde a Juliana poderia aparecer, mas não a viu.
- Você pode confiar em mim Dani! A gente poderia sair mais tarde... o que você acha? Ainda insistindo na conversa.
- Hoje não! Outra vez, respondeu secamente e sem olhar pra ela.
- Ok! Não quer conversar, tudo bem. Ela se levantou, ficou brava. Nesse momento chegou a Juliana que sem pensar muito foi falando.
- Vamos conversar Daniel! Bruna, você poderia nos dar licença, por favor!
- Já estava saindo, não se preocupe. Ela foi embora empinando o tórax, com um ar de superioridade. Até porque ela era uma das meninas mais bonitas da escola, e sabia que chamava a atenção e ela usava e abusava dessa sua “qualidade”.
- E aí, vai falar ou vai ficar olhando a Bruna ir embora...
- Não estou olhando pra ela, estou olhando para a Maria. Ele suspirou, voltou o olhar para a Juliana, ela estava coçando a cabeça como quem diz: Vai falar ou não vai?
- Ah ta, eu acredito que estava olhando pra Maria. O que você quer, Daniel?
- É tanta coisa Ju. Em casa, com meu pai, com a igreja e eu acho que estou gostando da Maria, mas parece que ela ficou distante, mandei vários e-mails ela me respondeu um pouco grossa, tentei conversar com ela, mas senti que ela não queria falar comigo. Foi falando devagar, como alguém que vai contando um segredo aos poucos.
- Você tem certeza que está gostando da Maria, Daniel? Pois se estiver, você precisa mudar algumas coisas. É claro que ela deve estar estranha com você, você se acha o lindo, sai com todas as meninas que te dão bola, no shopping a Bruna só falava de você e com certeza ela escutou tudo. Juliana já respondeu tudo rápido e sem enrolar.
Ele ficou olhando pra ela, ficou em silencio por alguns segundos e resolveu falar o que estava deixando ele chateado, mas não era uma conversa humilde.
- Em casa, está muito difícil, eu sei que fiz coisa errada, sabe. Mas fui pedir perdão pro meu pai, ele já achou que eu estava fazendo isso porque queria algo em troca.
Daniel falava com toda a autoridade que tinha direito, cheio de razão, tentando convencer a Juliana dos muitos problemas pelos quais ele passava. Não conseguiu!
- Eu não consigo entender, você não sabe o que quer e culpa os outros dos seus problemas.
- Está tudo muito difícil, não sei o que fazer.
- Não sabe o que fazer? O que é isso Daniel? Você que me ajudou a buscar a Deus nos momentos que eu mais precisava, estava insuportável a convivência em casa e quando eu fui conversar com você, qual foi a solução que me apresentou? Jesus! Você vai ficar aí se lamentando, deixando de conversar com seus amigos, fingindo ser uma pessoa que não é e não vai procurar a pessoa certa?
Ela parou, respirou fundo e continuou:
- Está na hora de decidir o que você quer, você sabe na teoria, que Jesus pode ajudar, mudar, mas você ainda não teve uma experiência com ele. Por que você resiste tanto? Não entendo, é bom para os outros, mas para você não. É isso?
- O que foi? Eu quero conversar e não ouvir sermão. Poderia me ouvir um pouco? Daniel tentava se defender.
- Ouvir o quê? Você se lamentando. Para com isso Daniel. Eu passei por uma experiência tão maravilhosa esse final de semana e você não estava lá, a pessoa que me levou até Jesus. E sabe por que você não estava lá, por pirraça, para atingir o seu pai. Porém, você está só se prejudicando.
- Eu tenho raiva do meu pai, ele exige tudo e mais um pouco, preciso ser o filho exemplo. Desabafou.
- Ah! Então é por isso que você faz exatamente ao contrário?
- Posso continuar, eu posso falar? Disse alterando a voz.
- Claro! Juliana deu de ombros.
- É que eu queria que as coisas não fossem tão rígidas, que ele não pegasse tanto no meu pé. E eu também, nem sei se gosto de ir à igreja... Sei lá, eu quero sair com os meus amigos, toda vez preciso sair escondido, preciso inventar uma desculpa, contar uma mentira para ir para as baladas. Eu to cheio disso, me sinto mal mentindo para ele, mas eu não vejo alternativa.
- É esse o problema. Tudo gira em torno de você, o que você pode ou não fazer, na verdade, Daniel, eu não tenho solução para os seus problemas. Estou falando do que vejo com base no pouco que aprendi. O que eu sei é que ir ou não a igreja não faz diferença nenhuma. A questão é uma vida diferente. Enquanto você fica pensando nas coisas que você deve ou não fazer, realmente é tudo muito chato, é religiosidade. Você sabe disso!
- Eu tenho dúvidas em relação a isso.
- Dúvidas? Daniel, você precisa se decidir.
- Se eu mudar será que eu tenho chance com a Maria?
- Tudo errado. Você não pode tomar uma decisão por causa de uma pessoa. Essa decisão é sua. E viver uma vida de mentiras só vai te levar ao desespero.
Eles ficaram parados, olhando um para o outro, Juliana queria tanto que o amigo pudesse ver o que ele estava fazendo. Mas não sabia mais o que falar.
- Você falou que passou por uma experiência legal esse final de semana. Foi com seus pais? Daniel quebrou o silêncio, mudando um pouco de assunto.
- Foi Dani, estou muito feliz! Meus pais foram assistir à peça que nós apresentamos na praça esse final de semana, eles gostaram muito e no domingo foram à igreja comigo.
- A Maria também foi?
- Você sabe que ela foi Daniel... com certeza seus pais te falaram... lembra o ano passado, quando fui conversar com você? Em um ano vi uma mudança na minha vida e agora em toda a minha família.
Daniel sorriu. Abraçou a amiga.
- Muito obrigada Ju! Agora eu preciso ir pra casa, falei para o meu pai que só ficaria uma hora a mais na escola.
- Tchau Dani, eu estarei orando por você!
Juliana acreditava que por meio da oração muitas coisas poderiam se resolver. E logo depois que o Daniel foi embora, ela foi comer alguma coisa na cantina e foi estudar, pois teria que esperar até às cinco horas para ir embora.
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