Nada é por acaso
2 anos antes...
Um encontro importante!
O céu azul com nuvens brancas e um
sol espetacular no mês de fevereiro, Juliana tinha acabado de chegar em casa.
Colocou sua bolsa no móvel de costume, ligou o computador e foi beber um pouco
de água, não tinha ninguém em casa e ela ficou feliz por isso, assim poderia
ler sem ser perturbada, procurou algo na geladeira, encontrou um yogurte,
pegou. Tomou. Depois abriu as portas do armário e encontrou um pacote de
bolacha, agarrou-o foi para frente do computador. Enquanto comia deu alguns
cliques e abaixou os e-mails, não tinha nada de interessante. Então foi direto
para o facebook, algumas atualizações, umas curtidas e nada demais.
- Minha mãe precisa me dar um
telefone com 3G, todo mundo vê as atualizações
na hora, só eu preciso esperar para chegar em casa.
Afastou o teclado e pegou o seu
livro e um caderno, onde fazia as anotações e também registrava alguns
acontecimentos diários e escrevia alguns estudos nele, era um devocional-diário.
Lá ela escrevia como foi o seu dia e também alguns estudos bíblicos.
Naquele dia ela
leu em seu livro:
“Depois disso, Jesus e os seus discípulos foram
para a região da Judéia. Ele ficou algum tempo com eles ali e batizava as
pessoas. João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque lá havia
muita água. (João ainda não tinha sido preso.) Alguns
discípulos de João tiveram uma discussão com um judeu sobre a cerimônia de
purificação. Eles foram dizer a João:
—Mestre, aquele homem que estava com o senhor no outro lado do rio Jordão está
batizando as pessoas. O senhor falou sobre ele, lembra? E
todos estão indo atrás dele. João
respondeu: —Ninguém pode ter alguma coisa se ela não for dada por Deus. Vocês são testemunhas de que eu disse: “Eu não
sou o Messias, mas fui enviado adiante dele.” Num casamento, o noivo é aquele a quem a noiva
pertence. O amigo do noivo está ali, e o escuta, e se alegra quando ouve a voz
dele. Assim também o que está acontecendo com Jesus me faz ficar completamente
alegre. Ele tem de ficar cada vez mais
importante, e eu, menos importante. Aquele que vem de cima é o mais
importante de todos, e quem vem da terra é da terra e fala das coisas terrenas.
Quem vem do céu é o mais importante de todos. Ele fala daquilo que viu e ouviu,
mas ninguém aceita a sua mensagem. Quem aceita a sua mensagem dá prova de que o
que Deus diz é verdade.”
Ela parou, olhou para a tela do
computador, depois voltou a ler novamente. “Ele
tem de ficar cada vez mais importante, e eu, menos importante”. - Por quê?
Ela perguntou para si mesma. Esse trecho ficou martelando em sua cabeça. Tinha
algo que ela precisava saber, ou algo que essa frase queria falar com ela.
Juliana Pereira Lima conheceu um
grupo de amigos, no ano passado, na escola onde estuda e esse grupo costumava
se reunir nos intervalos para estudarem a bíblia, ela achou engraçado vários
jovens estarem juntos para estudar um livro e ainda mais a bíblia. Mas resolveu
conferir esse feito extraordinário que eles chamavam de Devocional. Juliana
gostou do grupo, dos estudos e acabou ficando por lá e se interessando pelas
atividades dessa turma. E por isso ela lia a bíblia quase todos os dias. Depois
de um tempo que ela começou a participar das atividades desse grupo de amigos,
ela começou a frequentar uma igreja e muitas coisas mudaram na vida dela.
Começou a perceber as pessoas e o mundo de uma forma diferente. Na opinião da
própria Juliana, ela se tornou uma pessoa melhor.
Juliana estava pensando, por que Ele
tem que ficar cada vez mais importante, e ela, menos importante? Qual o
objetivo disso? Resolveu enviar um e-mail para a Pâmela, todas as dúvidas de
Juliana eram respondidas pela Pâmela.
Oi Pâmela, tudo bem amiga?
Eu estava lendo um trecho da bíblia no
evangelho de João e li algo que me
deixou com duas dúvidas. Você poderia me ajudar?
“Ele tem de ficar cada vez mais importante,
e eu, menos importante”. João 3:30
Por que Jesus tem que ser mais importante, e
eu, menos importante?
Qual o objetivo disso?
Por que a bíblia pede pra gente ser menos
importante?
Não entendi!
Acho que foram três dúvidas... rsrsr
Um abraço,
Ju.
Terminou de enviar o e-mail quando
ouviu a porta do apartamento abrindo, ela fechou a bíblia, guardou seu caderno
e mexeu na sua bolsa para procurar o caderno de física e começar a estudar para
a prova.
- Oi Ju!
- Oi mãe.
- Você almoçou?
- Comi alguma
coisa aí.
- Comer alguma
coisa não é almoçar Juliana.
- Estou sem fome
e tenho que estudar para a prova de física.
Juliana pegou seu livro de física,
abriu-o, folheou o caderno e parou na página dos exercícios e começou a
olhá-los. Sua mãe parou na porta do quarto e percebeu que Juliana estava distante,
com os olhos fixos no horizonte, ficou ali durante um tempo e até pensou em
perguntar como a filha estava e sobre as mudanças que estavam acontecendo, mas
preferiu deixar a filha estudando.
Ela foi despertada de seu ‘transe’
quando ouviu as panelas batendo na cozinha, sua mãe estava cozinhando, nesse
momento ela voltou a olhar para os exercícios e falou consigo mesma. - Não
consigo aprender isso, não entra na minha cabeça.
- Você falou
alguma coisa Juliana. Perguntou a mãe, gritando da cozinha.
- Nada não mãe.
Resolveu abrir os e-mails para ver
se a Pâmela havia respondido. Um e-mail estava chegando, até sentiu-se animada,
queria entender o que aquela frase queria dizer. Era um e-mail sobre uma
promoção do Submarino. Ela olhou, suas sobrancelhas se levantaram, entortou a
boca para o lado esquerdo se decepcionando. Resolveu dar mais uma olhada no
facebook, acabou ficando por lá mais do que o normal e então se lembrou da
prova e voltou para o caderno de física e a apostila.
Lá fora o dia estava radiante, uma
brisa tocava a copa das árvores, o sol parecia cantar de alegria. Ouvia-se de
longe barulho de carros, motos e, algo chamava a Juliana para estar à janela e
contemplar tudo o que estava ao seu alcance.
Ela se levantou, foi em direção ao
corredor da casa. Queria falar com sua mãe sobre tudo o que tinha vivido e
estava vivendo nesses últimos 6 meses. Foram tantas mudanças, transformações.
Ela estava no meio de um turbilhão de acontecimentos e idéias que fervilhavam
em sua cabeça. Uma nova forma de ver o mundo, de ver as pessoas, parecia que
antes ela olhava e agora ela via, via o que realmente estava acontecendo. Mas
Juliana parou na porta do quarto, olhou ao longo do corredor, ouviu o tilintar
das panelas. Abaixou a cabeça. Orou. – Deus, me ajuda!
Não conseguiu prosseguir e voltou
para os seus cadernos e apostilas e física. Prova!
- Outro dia eu
falo com ela. Pensou.
Juliana acordou sonolenta, esfregou
os olhos, parou por um instante e se lembrou que era terça-feira e tinha prova
de física, se levantou foi ao banheiro lavou o rosto. Escovou os dentes. Tomou
banho. Sua mãe já estava de pé esperando para tomar café da manhã. Sentou a
mesa falou bom dia para a mãe, perguntou do pai, ela disse que ele já tinha
saído, pois precisava fazer uma viagem.
O irmão dela estava ao lado, mas
como sempre fazia, fingiu que não o viu, mas era quase impossível não notar sua
presença, pois já estava colocando farelo de pão dentro do café dela, ela
esbravejava, toda vez que o irmão de alguma forma a irritava.
- Sai pra lá
moleque, você não tem jeito! Empurrando o irmão para o seu lugar. Ele se sentou
dando risada e tomando seu café.
- Parem de
brigar, tomem esse café logo, pois precisamos ir. A Mãe sempre intervinha
tentando acalmar a situação, claro que da maneira dela, gritando também.
O Café acabou, todos para o carro, a
mãe de Juliana sempre atrasada, era uma correria e gritaria todas as manhãs.
Juliana já estava ficando cansada, queria que isso mudasse, só não sabia como.
O primeiro a ficar na escola era o irmão, Bruno, depois a Juliana. Sempre dava
um beijo na mãe de despedida.
Juliana já estava sentada em sua
carteira, preocupada com a prova e esperando a chegada do professor, ela estava
distraída, quando uma menina que chega tímida, sem graça, tropeça e derruba
todo o material sobre ela.
Esse foi um
encontro importante!
- Esta tudo bem?
Perguntou Juliana preocupada.
- Estou. Meio
sem jeito ela responde.
Ela pegou seus livros e cadernos e
foi para uma carteira que estava vazia na mesma fileira que Juliana. Alguns
alunos que estavam próximos ficaram curiosos em saber quem era a nova aluna e perguntaram
o seu nome.
- Maria
Outros só olharam: uns com desprezo,
porque acharam a menina muito patricinha; outros com indiferença, do tipo tanto
faz quanto fez quem ela é, tenho mais o que fazer; alguns meninos a acharam
super gatinha; e um dos meninos a olhou de um jeito especial, mas nem deu
bandeira. Depois que Maria conseguiu se organizar na carteira, Juliana foi até
a nova colega de classe e fez uma bateria de perguntas:
- Da onde você veio? Onde você mora?
O que gosta de fazer? Você gosta de biologia? Onde você comprou esse brinco? E
várias outras perguntas. Nem preciso falar que Maria gostou de Juliana e foi
sua primeira amiga no colégio.
Depois da aula, Juliana parou um
instante no portão do colégio observando todo o caos que se instalava na saída:
os pais chegando, Ulisses chamando os alunos pelo nome no microfone,
professores que saem conversando sorrindo, outros com pressa esbarrando nas
pessoas sem cumprimentar ninguém. Alunos entrando, alunos em rodinhas
conversando, rindo alto. Carros indo e vindo, parando, saindo. Olhou para o céu
e viu um azul encantador, cheio de vida, não havia nuvens no céu, conseguiu até
voar e olhar tudo lá de cima. Como seria?
- Juliana! Daniel a chama,
percebendo que ela não estava com os pés
em terra. Ela olhou ao redor e viu toda bagunça
chegou a fechar os olhos.
- Ju! Chama novamente o Daniel e
agora ficou até preocupado.
- Oi Dani. Respondeu irritada.
- Ta viajando hein!
- Um pouco. O que foi? Ela responde dando um
sorriso.
- Então. Apresenta-me sua nova
amiga. Falou com um pequeno sorriso no rosto, desviando o olhar por cima do
ombro de Juliana e encontrando Maria.
Maria tinha pela branca, os olhos
verdes e cabelos negros, ao contrário de todas as meninas seu cabelo tinha
lindos cachos, naturais. Ela media 1,60 seu rosto era delicado, mas o olhar era
forte e determinado, quando falava suas mãos acompanhavam, tinha uma linguagem
corporal que expressava rapidamente seus sentimentos, suas angústias e desejos.
Maria não sabia desses atributos e muitas vezes se acuava diante de pessoas
autoritárias. Ela nem percebeu que Daniel olhava para ela e acompanhava cada
movimento.
- Vamos lá Dani. Vou apresentá-la a
você. Juliana o puxou pelo braço.
- Ola meninas! Maria, esse é meu amigo Daniel.
Ele está na nossa sala.
- Oi. Trocaram um beijinho no rosto
e ficaram um olhando para o outro, como quem pergunta, E aí?
- Bom, turma. Preciso ir, minha
perua acabou de chegar. Tchau Maria. Tchau Dani. Olhando para ele e dando uma
risadinha, puxando só um lado dos lábios e levantando as sobrancelhas. Tchau
meninas.
Todos falaram tchau e Daniel teve
vontade de correr atrás da Juliana e falar pra ela que não deveria ter feito
aquilo, olhou para as meninas deu um sorriso sem graça.
- To indo também. Olhou para elas, para Maria, e foi embora.
- Tchau Dani. Maria foi a única que
respondeu e ficou olhando pra ele enquanto se afastava tropeçando em todo
mundo.
Daniel chegou a uma roda de amigos,
entrou na brincadeira dos colegas e conseguiu disfarçar. Era o que ele pensava!
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