Na Escola
“Para todas as coisas Deus tem um propósito”
Maria Valverde estava sentada na
carteira da escola próxima a janela. Ela olhava as nuvens. O dia estava
nublado, mas muito abafado. Em alguns minutos da manhã o sol até tentou
aparecer tímido, como se fosse inverno, mas o verão de 35° era sentido na pele,
na garganta e no olhar. Em alguns se podiam ver o suor escorrendo na lateral da
face; em outros, o cansaço e a indisposição; mas havia uma minoria que estava animada
com o calor, pois o clube era o destino certo para depois da aula.
Para Maria as sensações eram outras,
não estava preocupada com o calor. Naquele instante olhando pela janela parecia
que os segundos estavam lentos, que o mundo tinha abaixado o som para que ela
conseguisse ouvir seus pensamentos e imaginar o que deveria fazer.
Havia chegado o grande dia, e o
clima era indiferente, parecia que nada importava mais do que o planejado, o
desejado, a sonhada viagem. Ela estava em um mundo particular: o ar mais denso,
a respiração mais forte e o coração acelerado num ritmo maravilhoso.
O toque do sinal da escola avisou
que a hora havia passado.
Ela arrumou seu material
apressadamente, enquanto isso seus colegas se despediam, eram abraços
apertados, beijos, palavras animadoras e algumas lágrimas. Ele conseguiu
colocar tudo na mochila e então viu que a Juliana estava parada na sua frente,
neste momento não conseguiu conter as lágrimas e mais uma vez chorou. – Nós
vamos nos falar todos os dias, entendeu? Juliana disse isso chorando.
- Eu não vou me
esquecer de você. Vou sentir muito a sua falta, mas eu vou voltar, não vou
ficar lá pra sempre, são sós 6 meses.
Juliana ajudou a
pegar o restante do material e foi com a amiga até a porta.
- Oi. Preciso me
despedir de você.
- Oi, Dani.
Maria falou sem graça, olhando nos olhos dele.
Não houve muitas
palavras, ele deu um abraço forte e disse bem pertinho da orelha.
- Vou sentir a
sua falta, mas ficarei te esperando.
- Obrigada por
me dizer isso.
Ela se afastou e
disse que precisava sair rápido, porque precisava se arrumar, pegar as malas em
casa, e seu pai iria leva-la ao aeroporto e não suportava atraso.
Juliana já tinha
saído assim que viu o Daniel chegar e foi para o pátio, pois não aguentava mais
chorar. Maria saiu da sala, passou pelo corredor. A mochila pesava nas costas.
Falou tchau para todos os colegas, e se despediu com beijinhos em alguns. O
coração palpitando cada vez mais forte, em poucas horas estaria no vôo, tudo o
que era sonho, o que estava no papel estava prestes a se tornar real, não
conseguia acreditar. Ela mal conseguia conter a ansiedade desta viagem, ela não
acreditava que em poucos minutos estaria voando para a Europa, para conhecer o
lugar onde seus avós viveram e se conheceram. Seus pensamentos estavam a toda
velocidade e enquanto descia a rampa que dá acesso ao portão principal da
escola, ela abriu a bolsa para pegar o celular e ligar para o seu pai, de
repente alguém grita seu nome.
- Maria!
Ela olhou pra trás, com um sorriso
estampado no rosto, imaginando que mais alguém queria se despedir dela e
desejar boa viagem e não viu o buraco a sua frente. Caiu. A dor foi
instantânea, não conseguia pensar em outra coisa a não ser em seu tornozelo, o
material havia batido com força no chão, a mochila foi parar longe, tentou se
proteger com as mãos, mas quando viu que não havia maneira de remediar a
situação caiu no chão se lançando totalmente e pendendo a cabeça para o lado.
Caída no chão, ofegante, tentando entender o que aconteceu, fechou os
olhos e quando os abriu tudo começou a rodar, num momento improvável de
reflexão pode perceber o quanto era pequena diante da imensidão do universo e
pensou, parecia que as nuvens estavam mais rápidas: daqui é tão lindo olhar o
céu com nuvens brancas, as árvores que compõe o cenário de beleza e a harmonia
alegre do cantar dos pássaros. Deus, ela gritou e sentiu mais forte a dor que
subia pela perna.
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