Filósofos: Platão, Aristóteles
Tags: Fake News, Pós-verdade, ètica, Sinceridade, Mentira, Reportagem.
Tarefa inicial
Identifique se esta notícia é uma
“Fake News”?
Notícia 1
Achado corpo
de Eliza Samudio
Um dos casos
mais confusos do cenário policial nacional foi solucionado. A ossada de Eliza
Samudio, supostamente assassinada pelo ex-goleiro Bruno, foi encontrada em área
da Infraero, ao lado de um aeroporto, segundo texto compartilhado nas redes
sociais. Um exame de DNA deverá ser feito para confirmar definitivamente a
ossada é de Eliza. “O corpo estava bem próximo do terminal de embarque dos
passageiros. A certeza que a ossada seja dela é do depoimento que o primo do
ex-jogador deu, informando que o corpo tinha sido enterrado em uma mata próxima
ao aeroporto”, diz a mensagem.
Leitura
Fake news, uma ameaça reconhecida por 83%
dos brasileiros
Seis em cada dez
pessoas ouvidas em pesquisa, no entanto, dizem não se preocupar em checar a
veracidade das notícias antes de compartilhá-las
'Fake News passaram a ser uma
das maiores ameaças à democracia', diz senador
·
Para o segundo
vice-presidente do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), as fake news se
tornaram grande ameaça à democracia, impulsionadas pelas redes sociais. Na
avaliação do vice-presidente, a propagação de boatos e notícias falsas deve
acontecer de forma intensificada nas Eleições de 2018. O senador defendeu maior
punição a quem espalha notícias falsas.
— O indivíduo que
espalha notícia falsa comete crime de difamação, a punição deve ser agravada
porque o prejuízo passar a ser de toda a sociedade. O princípio básico da
comunicação social está na verdade da notícia. A divulgação de fato inverídico
tem efeito danosos. A fabricação de notícias é crime que deve ser combatido com
a responsabilidade e firmeza. Mancha numa figura pública não se conserta com
uma simples retratação.
Souza participou
nesta terça-feira (12) da abertura do Seminário Fake News e Democracia,
promovido pelo Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional
representando o presidente do Senado, Eunício Oliveira.
Para o presidente
da Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), Márcio Novaes, que
participou de um dos paineis do seminário, é importante combater as fake news.
— Os instrumentos
estão dados, precisamos combater as fake news na prática. É assim que a
gente constrói uma imprensa, não só livre, mas com credibilidade.
Novaes lembrou que
a liberdade de expressão está garantida pela Constituição Federal, mas o
anonimato não.
— A Constituição é
sábia, a liberdade de expressão é um direito, mas é vedado o anonimato.
O gerente de
opinião do portal R7, Domingos Fraga, no painel sobre plataformas digitais, lembrou
que a discussão é urgente no Brasil.
— Essa discussão é
importante mas já é um pouco tarde porque a gente viu o que aconteceu nas
eleições americanas. É importante lembrar também que Google e Facebook têm que
ser responsabilizados também pelo que distribuem.
Assista
Atividade/ debate
ð
Você
reproduz como verdade tudo o que te falam, sem antes checar se aquela
informação é verdadeira?
ð
Você
já foi vítima de fofoca?
ð
Você
já ficou com raiva de uma pessoa e passou a evita-la e olha-la com desprezo por
causa da fala de uma pessoa acusando-a de alguma coisa?
ð
Você
já se enganou a respeito de alguém?
ð
Você
“acredita” que, às vezes, seu santo não bate com outra pessoa e por isso não se
aproxima dela?
ð
Você
sabe me dizer o que injuria, calúnia e difamação?
Calúnia
Calúnia é
o que ocorre quando alguém atribui de forma mentirosa um crime ou ato criminoso
à outra pessoa.
A calúnia
parte da mentira sobre o ato de alguém. Não existe calúnia sem mentira sobre
este ato. Dizer que alguém cometeu um crime sem que este alguém tenha, de fato,
feito isso é um crime de calúnia.
A calúnia
só ocorre quando a pessoa explicitamente falou sobre o falso crime. É calúnia
dizer que alguém matou outra pessoa sem tê-lo feito. Chamar alguém de
assassino, no entanto, é um injúria.
Injúria
A injúria é uma ofensa direta à
dignidade de alguém, especialmente a subjetiva, não importando a veracidade da
ofensa.
A injúria é popularmente
conhecida como o “xingamento” popular, que não é afetado se a ofensa é
verdadeira ou falsa. Ela, portanto, ofende a pessoa, fazendo-a sentir-se
abalada em relação a si mesma. Mesmo que o xingamento não afete a visão da
sociedade sobre a pessoa, ela afeta a visão do xingado sobre sua própria
personalidade.
Difamação
A
difamação é uma ofensa à reputação da pessoa, atingindo exclusivamente a honra
objetiva do indivíduo.
A
difamação pode ser entendida como o outro lado da injúria. Enquanto a injúria
afeta o que a pessoa pensa sobre ela mesma, a difamação tem o objetivo e o
resultado de afetar o que a sociedade pensa daquela pessoa.
Ela não
atinge a autoestima do ofendido, mas perpetua-se com uma informação falsa sobre
ela e afeta a forma como as outras pessoas convivem com o ofendido. Difere,
também, da calúnia, no sentido em que não envolve a imputação de um crime ao
ofendido.
Vamos estudar
os filósofos – o tema é Ética
Platão
Platão propõe uma ética transcendente, dado que o fundamento de
sua proposta ética não é a realidade empírica do mundo, nem mesmo as condutas
humanas ou as relações humanas, mas sim o mundo inteligível. O filósofo centra
suas indagações na Ideia perfeita, boa e justa que organiza a sociedade e
dirige a conduta humana. As Ideias formam a realidade platônica e são os
modelos segundo os quais os homens têm seus valores, suas leis e sua moral.
Conforme o conhecimento das ideias, das essências, o homem obtém os princípios
éticos que governam o mundo social.
O uso reto da razão é entendido
como o meio de alcançar os valores verdadeiros que devem ser seguidos pelos
homens. No mito da caverna, o filósofo expõe a condição de ignorância na qual
se encontra o homem ao lidar com o conhecimento das aparências. Somente pelo
conhecimento racional o homem pode elevar-se até as Ideias, até o Ser e
conhecer a verdade das coisas. Isto se dá através do método dialético, o qual
elimina as aparências e encontra as essências, a verdade no conhecimento das
coisas. Este método filosófico tem por finalidade libertar os homens da
ignorância e levá-los ao conhecimento de ideia em ideia, até alcançar o
conhecimento da Ideia Suprema: o Bem. As outras ideias participam desta e devem
sua existência a esta.
O Bem ilumina o ser com
verdade, permitindo que seja conhecido, assim como o Sol ilumina os objetos e
permite que sejam vistos – nota-se aqui a analogia entre Bem e Sol apresentada
no mito da caverna. Existem diversas ideias e é devido à participação nestas,
mesmo que enquanto cópia imperfeita, que se fez possível o mundo sensível. Ao
contemplar a ideia do Bem, o homem passa a sofrer as exigências do Ser, isto é,
suas ações devem ser pautadas conforme a ideia contemplada.
A alma humana – de suma relevância
para a ética platônica- é tripartite, isto é, forma-se pela inteligência, pela
irascibilidade e pela concuspiscência. Tal como as partes da cidade ideal, cada
uma das partes da alma possui suas funções específicas que não podem ser
exercidas por nenhuma das outras partes. Cada uma das partes da cidade e, por
analogia, cada uma das partes da alma, possui uma função própria a qual pode
ser executada com excelência ou não, e, ao executá-la com excelência, sua
virtude própria é exercida.
A virtude é definida, pois,
como capacidade de realizar a tarefa que lhe é inerente. No caso do governante
da cidade e da alma racional, a virtude inerente aos mesmos é a sabedoria; no
caso dos guerreiro e da parte irascível da alma, a virtude que lhes é própria é
a coragem; por fim, no caso da parte concupiscente da alma e dos produtores de
bens da cidade, a virtude própria é temperança. Dada a posição de cada classe,
pode-se definir a justiça como cada parte fazendo o que lhe compete, conforme
suas aptidões. Portanto, ao estabelecer uma relação de analogia entre a
sociedade e indivíduo, Platão define o conceito de justiça – o qual seria
também concebido como princípio de equilíbrio do indivíduo e da sociedade – e o
liga ao conceito de virtude.
O sentimento de justiça é, pois,
a virtude maior cujo valor ético guia as condutas dos homens. Para que esta
virtude seja alcançada, o homem deve buscar o bem em si mesmo, porque ele
realiza o ideal de justiça, tanto com relação ao bem individual quanto social.
A ética platônica ocupa-se com
o correto modo de agir e sua relação com o alcance da felicidade. Contudo, o
discurso ético apresentado na República acerca da felicidade relaciona esta com
o conceito de justiça. O problema da justiça enquadra-se no âmbito político, o
qual tem estreita relação com o campo da ética: é deste modo que surge a tese
central de que só o justo é feliz. No diálogo República, buscando a
constituição da cidade ideal, surge o problema cerne acerca da definição da
justiça para que se pudesse, posteriormente, definir o que é a justiça tanto no
indivíduo quanto no Estado. Há, pois, um paralelo entre Estado e indivíduo a
fim de que se encontre a definição de justiça.
Para Platão, a sociedade seria
como algo orgânico e bem integrado, como uma unidade construída por vários
elementos independentes, embora integrados. A cidade forma-se por três classes,
como já apontamos, e cada classe possui sua função específica. Deve-se notar
que tais funções são determinadas conforme as aptidões naturais de cada membro
da cidade. O objetivo desta divisão é mostrar com mais clareza como ocorre o
mesmo na alma humana. A finalidade da cidade justa e boa é, então, propiciar a
felicidade do indivíduo ao viabilizar a prática de suas virtudes, de suas
aptidões específicas.
Devemos ter em mente que a
virtude correspondente a cada classe da cidade e a cada parte da alma humana
deve ser ensinada visando a realização do ideal da polis. Esta educação
embasa-se no método dialético ascendente, o qual liberta o homem dos sentidos e
o eleva até o mundo inteligível, até o ponto mais claro do Ser, a ideia do Bem.
Após contemplar o Bem diretamente, o filósofo deve retornar à cidade que lhe
propiciou educação de modo a guiar os outros cidadãos da ignorância ao
conhecimento racional.
As ideias – das quais se
originam as cópias sensíveis – são, pois, existentes em si e por si, são
realidades universais, eternas, imutáveis. Por tais motivos, são os modelos a
serem seguidos, são paradigmas para a construção da cidade ideal e para a
educação moral, política e espiritual do homem. Além do mais, são ordenadoras
do cosmos.
Fica evidente que a proposta de
Platão liga-se, principalmente, às ideias de Justiça e do Bem – este último é o
supremo valor que sustenta a justiça com relação à organização política e à
conduta individual. O equilíbrio entre as três partes componentes da alma e da
cidade gera equilíbrio, harmonia e leva à felicidade. Assim, Platão busca por
definições gerais, universais, imutáveis, eternas, existentes por si mesmas: as
Ideias. Como veremos adiante, tal busca é oposta à busca aristotélica pela
virtude ligada à aplicabilidade desta.
Aristóteles
filosofia aristotélica constitui uma visão sistemática e integrada do
conhecimento, com a valorização da ciência empírica, da ética e da
política. Aristóteles divide o conhecimento da seguinte
forma: prático (práxis), produtivo (poiesis) e teórico. O conhecimento prático
abrange principalmente o estudo da ética e da política. A ética é um saber
prático e pressupõe três elementos fundamentais da filosofia aristotélica: o
uso correto da razão, a boa conduta (eupraxia) e a
felicidade (eudaimonia).
Aristóteles desenvolveu uma reflexão ética
perguntando-se sobre o fim último do ser humano. Para o quê tendemos? E
respondeu: para a felicidade. Todos nós buscamos a felicidade. E o que
Aristóteles entende por felicidade? Uma atividade conforme a razão – realização
do que há de mais característico do ser humano – e a virtude (ARISTÓTELES,
1987, Livro I). “A felicidade é, para Aristóteles, a atividade da alma segundo
sua virtude (excelência). E tal virtude, ou excelência, reside na sua atividade
racional” (FERRAZ, 2014, p. 43).
Para
Aristóteles a felicidade está ligada à atividade humana, sendo um tipo de
atividade em conformidade com a “reta razão” e com a virtude (areté). Isso quer dizer
que a vida virtuosa é racional. A felicidade implica a educação da vontade em
conformidade com os princípios racionais da moderação e, finalmente, está
fundamentalmente ligada à política, uma vez que o homem é definido como animal
político e sua conduta ética tem expressão na pólis e a partir dela é julgada. É na
sociedade – na pólis –
que os homens podem alcançar o bem supremo: a felicidade, daí porque, em
Aristóteles, ética e política são inseparáveis.
A importância dada por Aristóteles à vontade racional (a vontade guiada pela razão como elemento fundamental da vida ética), à deliberação e à escolha o levou a considerar uma virtude como condição de todas as outras e presente em todas elas: a prudência ou sabedoria prática. O prudente é aquele que, em todas as situações, é capaz de julgar e avaliar qual a atitude e qual a ação que melhor realizarão a finalidade ética, ou seja, entre as várias escolhas possíveis, qual a mais adequada para que o agente seja virtuoso e realize o que é bom para si e para os outros.
A importância dada por Aristóteles à vontade racional (a vontade guiada pela razão como elemento fundamental da vida ética), à deliberação e à escolha o levou a considerar uma virtude como condição de todas as outras e presente em todas elas: a prudência ou sabedoria prática. O prudente é aquele que, em todas as situações, é capaz de julgar e avaliar qual a atitude e qual a ação que melhor realizarão a finalidade ética, ou seja, entre as várias escolhas possíveis, qual a mais adequada para que o agente seja virtuoso e realize o que é bom para si e para os outros.
Também devemos a Aristóteles
outras contribuições importantes no campo da reflexão sobre a ética e a moral,
principalmente a partir de sua obra Ética a Nicômaco, onde o mesmo
procurou refletir sobre as virtudes que constituiriam a arete (a
virtude ou excelência ética) e a moralidade grega. Com sua bem conhecida teoria
da virtude como justa medida, Aristóteles distinguiu vícios e virtudes pelo
critério do excesso, da falta e da moderação. Eis um pequeno esboço que
encontramos das virtudes e vícios correlatos em sua obra:
Vício
por falta
|
Virtude
(meio-termo)
|
Vício
por excesso
|
Covardia
|
Coragem
|
Temeridade
|
Insensibilidade
|
Temperança
|
Intemperança
|
Avareza
|
Liberalidade
|
Prodigalidade
|
Mesquinez
|
Magnificência
|
Vulgaridade
|
Pusilanimidade
|
Magnanimidade
|
Vaidade
|
Pacatez
|
Calma
(Paciência)
|
Irascibilidade
(fúria)
|
Falsa
modéstia
|
Veracidade
|
Jactância
|
Rusticidade
|
Espirituosidade
|
Zombaria
|
Impudência
|
Modéstia
|
Acanhamento
|
veja também um quadro das virtudes e vícios em Slideplayer, slide 4
A virtude da
coragem não significa nada temer. Enquanto o covarde é aquele que tudo teme, o
corajoso age com equilíbrio, de acordo com a prudência e a moderação
(sophrosine). Desta forma, a coragem é uma justa medida entre a covardia e a
temeridade (destemor). A temperança (qualidade ou virtude de quem é moderado,
comedido), o equilíbrio entre a intemperança e insensibilidade. A liberalidade
(qualidade ou condição daquele que é liberal, no sentido de generoso) uma justa
media entre a prodigalidade (dar em grande quantidade, gastar em profusão) e a
avareza. Todas essas virtudes devem ser praticadas pelo filósofo e pelos
indivíduos de uma forma geral.
O
que faz de Aristóteles um herdeiro legítimo da tradição pitagórica e platônica segundo a qual a sabedoria pode ser expressa na
máxima: “nada em excesso”. E é nesta obra que Aristóteles propor uma
classificação em especial de pelo menos doze virtudes (tal como vimos no quadro
mais acima), a saber: coragem, temperança, liberalidade, magnificência,
magnanimidade, ambição apropriada, paciência, veracidade, sagacidade,
amabilidade, modéstia e justa indignação (ARISTÓTELES, 1987, principalmente
Livros III e IV).