Tão Natural e tão difícil de entender...
sábado, 25 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Será que vou ter outra chance?
Eram duas
horas da tarde quando Lucia ouviu o celular tocando, se levantou da cadeira em
frente ao computador onde estava escrevendo e foi à cozinha procurar o telefone
que não parava de tocar, quando o encontrou por baixo de uns papeis, com pressa
o atendeu.
- Alô!
- Lúcia?
Aqui é a Carina, preciso da sua ajuda, bati o carro, você não poderia me
ajudar? Preciso de você. E começou a chorar... a voz dela estava ofegante.
- Calma.
Foi a única coisa que ela conseguiu responder. Rapidamente pensou no texto que
estava escrevendo, na bagunça da casa. Logo o seu marido iria chegar e ele
odiava ver a casa desarrumada. Ficou com raiva dela mesma, pois tinha dormido
por muito tempo e não tinha arrumado a bagunça. Olhou para o relógio, e pensou,
se ela fosse rápida, talvez conseguisse voltar e arrumar tudo antes do marido
retornar do trabalho. A amiga ainda estava chorando ao telefone.
- Lúcia,
você está aí? Preciso da sua ajuda, amiga. É sério!
- Calma.
- Você já
me pediu calma, eu preciso que você venha pra cá urgente.
- Onde você
está?
- Eu não
sei bem, você sabe como sou ruim para lugares, mas a rua é próxima a avenida
Brasil, uma rua paralela.
- O que
aconteceu?
- Eu bati o
carro, eu já te falei. Vem pra cá logo, por favor!
- Mas você
está bem?
- Bem, bem
como? Eu não estou bem, senão não estaria ligando pra você, amiga.
- Ta bom,
estou indo aí.
- Vem logo,
amiga, estou precisando da sua ajuda.
Lúcia
desligou o telefone, trocou de roupa, pois ainda estava de pijama, pegou os
papeis que estavam jogados sobre a mesa da cozinha, levou para o escritório,
tentou deixar algumas coisas no lugar, pegou a bolsa, procurou a chave do
carro, fechou as janelas e salvou o texto que estava escrevendo, foi até o
carro e lembrou que tinha deixado o leite fora da geladeira, voltou. Então, ela
olhou para um livro que ela tinha deixado sobre a pia. Pegou-o e resolveu
abri-lo.
“Ninguém
tem maior amor do que este: de dar a vida pelos seus amigos”.
- Ok,
Senhor! Entendi o recado.
Rapidamente
foi saindo de casa, trancou-a e entrou no carro manobrando-o o mais rápido que
podia para ir ajudar sua amiga. No caminho foi falando consigo mesma.
-
Fortalece-me, ajuda-me. E, por favor, eu peço, acalma o coração da Carina.
Quero aprender a ser rápida em ajudar. Que seja feita a tua vontade. Amém.
Estava
chegando perto da Avenida Brasil e pensou: em qual rua a amiga poderia estar? E
disse em voz alta: Deus, me ajuda!
Sem
perceber Lúcia estava próxima a um local onde tinha um aglomerado de pessoas, foi se aproximando,
conseguiu estacionar o carro e desceu, quando conseguiu passar pelos curiosos,
pode ver o carro da amiga, mas antes de se aproximar perguntou para um homem
que estava ao seu lado.
- O que
aconteceu?
- Não
sabemos muito bem, o que conseguimos ver foi um carro que perdeu o controle e
bateu com muita violência contra o poste e agora a motorista só pede para
aconversar com uma pessoa que se chama Lúcia.
- Mas...
por que ainda não tiraram ela de dentro do carro?
- Parece
que ela estava prensada nas ferragens e os paramédicos falaram que se tirarem
ela daí, pode entrar em coma e até morrer, então ela pediu para esperar a Lúcia
chegar.
Lúcia levou
a mão a boca e os olhos se encheram de lágrimas, sentiu uma dor aguda no peito
e por um instante pesou como seria viver sem sua amiga, sua melhor amiga,
confidente, companheira. E bem devagar foi chegando perto do carro quando um
bombeiro pediu para ela se afastar.
- Eu sou a
Lúcia.
Todos
olharam para ela, inclusive o homem que havia acabado de contar o que ele sabia
sobre o acidente. Houve um silêncio.
Ela olhou
para o carro, cada detalhe, destruído, amassado, as rodas, ela não queria olhar
diretamente para a amiga, os passos foram devagar, e de repente ela encontra um
sorriso largo e os olhos tristes. Era a sua amiga.
- Carina!
- Minha
amiga, obrigada por atender o meu pedido, você sempre me ajudando, mas não
quero ir embora sem antes te falar:
- Não fala
nada amiga... fica calma.
- Você já
me disse isso ao telefone, por favor me escuta.
Lúcia só
olhou para amiga, deu um suspiro forte e esperou
- Você
sempre esteve ao meu lado, me ajudou, me amou, se afastou quando achou que não
poderia mais me ajudar, e eu fiquei triste nessa época, mas depois o tempo se
encarregou de me ensinar e de me fazer entender a sua atitude...
Carina
respirou fundo nesse momento, estava sentindo muita dor, os paramédicos foram
ajudá-la, mas ela pediu que eles
esperassem um pouco mais. Lúcia ficou estática, não sabia o que fazer.
- ...
depois fomos voltando aos poucos nossa amizade e você simplesmente me aceitou,
me amou, estava ao meu lado novamente. E sabe de uma coisa, eu nunca te ajudei,
nunca fiquei do seu lado, as vezes falei mal de você, e eu sei o quanto você já
precisou de mim e não estive com você. Perdoa-me amiga?
Lúcia
estava chorando, pois isso não importava naquele momento, ela sabia que por
muitas vezes precisou da Carina, mas ela nunca pode ajudar, mas ela a amava de
verdade, e gostava de estar ao seu lado, de conversar, de rir das palhaçadas
dela e de ajudá-la sempre que ela precisasse.
- Carina,
eu te perdôo e oro a Deus para que você volte para que possamos viver uma nova
amizade, mais madura, que Deus nos dê essa chance... disse isso em meio as
lágrimas.
A Carina ao
ouvir essas palavras, desmaiou e os paramédicos pediram para a Lúcia sair para
que pudessem tirá-la do carro e levá-la para um hospital.
A Lúcia não conseguia ver mais nada sua visão
começou a ficar escura , ela colocou as mãos sobre os olhos e quase desmaiou,
alguns a ajudaram e levaram um copo da água para ela. Ela se sentou e olhando
para uma mulher que brincava com uma criança, pensou: será que vou ter outra
chance???
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